Feira de Santana

Permissionários do Shopping Popular divulgam carta aberta para Prefeitura de Feira de Santana

Permissionários relatam que, pela segunda vez, a administração do shopping lacrou boxes por falta de pagamento.

25/05/2022 às 20h08, Por Gabriel Gonçalves

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Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Os permissionários do Shopping Popular Cidade das Compras de Feira de Santana voltaram a reclamar do fraco movimento no entreposto comercial. De acordo com eles, a baixa procura dos consumidores está resultando em um saldo negativo, não podendo arcar com os compromissos.

Por meio de uma carta aberta, divulgada pela Associação em Defesa dos Camelôs (Adecam), os permissionários relatam que, pela segunda vez, a administração do shopping lacrou boxes por falta de pagamento. Na mesma carta, eles dizem que chegaram a uma situação em que precisam ter que escolher entre comer ou pagar as taxas de manutenção do empreendimento. (Leia a carta no final da matéria).

Foto: Paulo José/Acorda Cidade
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Ao Acorda Cidade, a comerciante Luzia dos Santos Silva, informou que após a transferência para o novo espaço, sempre lutou para vender os produtos, e por conta do fracasso, precisou ter uma nova alternativa junto com o esposo.

“Eu nunca tive êxito com os meus negócios, tive dificuldades em continuar com os meus pagamentos, paguei tomando o dinheiro emprestado no banco e hoje eu estou inadimplente com o banco, com o cartão de crédito por conta de tentar manter algo que foi difícil e impossível. Hoje eu estou em casa com meu marido vendendo bolo e geladinho para tentar manter a luz, a conta do telefone e a alimentação porque a gente não pode ficar sem se alimentar. Eu já estou no meu plano B porque o Shopping Popular não me deu condições de suprir as necessidades”, relatou.

Sem obter lucros do boxe e com dois filhos pequenos em casa, Eliezer Santiago, contou à reportagem do Acorda Cidade, que agora está trabalhando como mototaxista, para suprir as necessidades da família.

“Eu tenho um ano e oito meses que passei aqui dentro trabalhando só folgava dia de domingo, vendia confecções de roupa feminina, trabalhava todos os dias, mas não vendia nada. Fiquei pagando certinho o condomínio, fiquei inadimplente porque precisava pagar cerca de três meses e eu não tive condições de pagar, lacraram o meu boxe, tiraram toda a minha mercadoria e mandou que a gente fosse trabalhar de motoboy ou fosse arrancar mato. Eu sou um pai de família, eu não tenho condições de criar dois filhos desta forma e eu estou fazendo serviço de motoboy para poder sobreviver porque aqui dentro não está dando de maneira nenhuma”, disse.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Luzia Lima Lopes, também permissionária do Shopping Popular, explicou que trabalha na parte inferior do entreposto, e relatou que não há nenhum tipo de movimento dos clientes.

“O boxe está no nome da minha filha e na última quinta-feira estava lacrado por falta de pagamento. Eu trabalho no segundo piso, o piso inferior como eles chamam, e o piso inferior não tem movimento nenhum, pode ir lá a qualquer momento que não vê entrar nenhum grilo, a não ser o pessoal daqui de baixo que vai passando lá para cima, mas é um local fedorento e não tem condições para trabalhar”, contou.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Veja na íntegra a carta aberta:

Nota da Adecam (Associação em Defesa dos Camelôs)

A Adecam, Associação de Camelôs, referente aos camelôs que ora ocupava as ruas de Feira de Santana no que diz respeito à 2° expulsão dos trabalhadores, vem por meio deste, reafirmar que ainda existem sobreviventes destes dois últimos anos desde a requalificação da cidade.

Ressaltamos que o Shopping Popular deveria ser para os camelôs que perderam a barraca com a requalificação da cidade, reiteramos que a Associação junto aos camelôs, pedem a garantia de poder continuar dando seguimento às nossas vidas, depois de tantos problemas, Covid e Relocação.

Cientes de que a grande maioria está há quase 20 meses pagando o condomínio e que ainda assim, não conseguem manter as taxas em dias, justamente pelo fato do espaço não propiciar as vendas e com baixos fluxos de clientes e com a histórico que o centro já possui, por falta de segurança no entorno da Praça do Tropeiro o que dificulta ainda mais a vinda dos clientes.

O camelô, passa a ter que escolher entre comer e manter em dia as taxas do espaço, e declaram que todos querem chegar vivos até o Shopping dar certo.

Algumas demandas já foram realizadas no espaço pela Prefeitura, tais como a implementação das secretarias de atendimento, Auxílio Emergencial, Casa do Trabalhador, Seagri, Procon e até um Expresso à R$ 0,50, porém nem isso trouxe o resultado que esperávamos.

Pedimos a intervenção da Prefeitura no que se refere aos camelôs que sofreram a segunda expulsão, devolvendo os boxes para garantir o ganha pão, oferecendo a condição de atualizar o cadastro, visto que a Prefeitura está repassando os boxes para outras pessoas que não estão inseridas nesse contexto do camelô, que perdeu o ganha pão devido ao projeto.

Voltamos a reafirmar que devemos pagar sim, um custo fixo, de ocupação de solo e para isso precisamos que a Prefeitura Municipal se responsabilize pelos camelôs (os camelôs que vieram das ruas).

Quais nossos OBJETIVOS

PREFEITURA FAZER CHAMAMENTO DOS BOXES PERDIDOS DOS CAMELÔS QUE PRECISAM DO LOCAL PRA TRABALHAR E DEVOLUÇÃO DE IMEDIATO DOS BOXES COM A POSSÍVEL MUDANÇA DE LOCAL DE TRABALHO.

GARANTIA DE CONTINUARMOS TRABALHANDO, DEVIDO AO CUNHO SOCIAL DO CONTRATO, FAZENDO VALER A RESPONSABILIDADE SOCIAL QUE A PREFEITURA POSSUI COM O POVO.

Ressaltamos que a Adecam não foi solicitada em nenhum momento para tratar das demandas do camelô, e que qualquer negociação que esteja ocorrendo, estar ocorrendo em relação ao shopping como todo, porém nós representamos os camelôs que possuíam barracas no centro e que precisam da garantia de permanecer dentro do espaço.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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