Feira de Santana

Com o desejo de realizar sonho, pernambucano percorre cerca de 15 mil km em bicicleta

Uma das paradas foi feita em Feira de Santana.

20/02/2022 às 12h02, Por Gabriel Gonçalves

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Gabriel Gonçalves

Natural do município de Afogados da Ingazeira no estado de Pernambuco, o fotógrafo e cinegrafista Cláudio Queiroz, 45 anos de idade, saiu da cidade natal no dia 26 de setembro do ano passado e já percorreu cerca de 15 mil km a bordo de uma bike, para realizar um sonho.

Neste final de semana, Cláudio passou por Feira de Santana, já retornando para o estado de Pernambuco.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o fotógrafo informou que todo o planejamento já estava pronto desde o ano de 2019.

"Este roteiro foi traçado desde o final do ano de 2019, foi um roteiro que na época ainda não tinha a pandemia e era um sonho, um sonho de realizar uma segunda cicloviagem e eu sempre ficava pensando, quando eu realizar este sonho, deve ser algo que fique marcado e graças a Deus, ficou marcado e já vou chegar aí a quase 15 mil km rodados. Passei por países frios, países quentes, culturas diferentes das nossas, países com guerrilhas, mas agradeço a Deus e aos meus seguidores que fui conhecendo no caminho, assim como os meus amigos Vitor, e Zé Roberto que estenderam as mãos para mim. Graças a Deus, eu fui muito bem recebido nos estados de Minas Gerais e aqui na Bahia", disse.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Por não ter um 'bagageiro', Cláudio explicou que está carregando em sua mala, os itens essenciais.

"Essa é uma mountain bike e de bagagem, o que tenho aqui, são coisas da minha utilidade. Eu sair lá de Afogados com as peças da bicicleta, ferramentas, roupas que eu iria precisar usar e algumas medicações. Posso dizer que tenho um guarda-roupa aqui em cima dessa bike. Eu já estou fora de casa há quase cinco meses, sair da minha cidade no dia 26 de setembro, deixei minha esposa e meus cinco filhos", contou.

Para realizar a viagem, Cláudio contabilizou um gasto em média de R$ 24 mil e contou que passou por alguns 'perrengues' ao atravessar fronteiras.

"Quando eu fiz esse roteiro, eu imaginei ter um gasto de R$ 24 mil e consegui levantar aí em torno de R$ 12 mil. Graças a Deus, eu conseguir realizar esta viagem, já estou retornando para casa e acredito que ainda vai sobrar uma quantia, mas farei a doação desse dinheiro. Infelizmente eu não consegui entrar na Venezuela, Colômbia e Equador, já nos outros países que eu entrei, posso dizer que entrei de forma ilegal, porque eles não deixavam eu ter acesso, cheguei a entrar na Bolívia, no Peru e quando eu sair da Argentina retornando para o Brasil, tive que entrar de forma ilegal no meu próprio país. Lá na Venezuela por exemplo, algumas pessoas estavam acompanhando minhas redes sociais e teve um militar que informou que não era para eu entrar lá, porque caso eu entrasse, não iria mais sair. Infelizmente existem grupos de guerrilhas que brigam contra os próprios militares e a minha bicicleta e meu celular, seriam pratos cheios para que eles pudessem roubar e vender para comprar drogas", explicou.

Foto: Ed Santoa/Acorda Cidade

Com uma média de 111.6km/dia, Claudio contou à reportagem do Acorda Cidade que vai passar a pedalar a partir das 5h da manhã. Nos últimos dias segundo ele, começou a passar mal no município de Milagres por ter diminuído o ritmo.

"Eu vou ter que mudar agora a minha rota e começar a pedalar a partir das 5h da manhã. Ontem eu cheguei aqui em Feira de Santana, porém já estava passando mal, posso dizer que fiquei muito ruim. Eu fiquei cinco dias sem pedalar em Milagres e quando voltei, pensei que estava com todo o gás, porém forcei demais. Hoje estou com uma média de 111.6km por dia e acredito que faltam menos de 800km até chegar na minha cidade", disse.

De acordo com Cláudio, a previsão de chegada na cidade de origem, é no próximo dia 5 de março. "A secretaria de Cultura e Esporte do município está preparando uma recepção para a minha chegada, então a minha previsão de chegada é no dia 5 de março", informou.

Embora esteja enfrentando grandes aventuras nas estradas brasileiras e até mesmo nas estradas internacionais, Cláudio contou que está passando por 'maus bocados' em casa.

Por conta do tempo longe da família, a esposa do aventureiro acabou cortando 'as relações' com o esposo.

"Eu posso dizer que estou passando por maus bocados nesse momento, imaginando chegar em casa. Infelizmente eu e minha esposa, estamos quase separados, já estamos separados de corpos, mas agora por conta desse tempo longe da família, ela não está mais me respondendo com as mensagens, porque realmente não é fácil para quem fica. Mas graças a Deus, meus filhos me apoiaram, e quero logo chegar em casa e poder revê-los", disse.

Entre outras dificuldades encontradas no percurso, o fotógrafo contou o grande 'frio na barriga' no Peru.

Foto: Arquivo Pessoal

"Uma das dificuldade que lembro perfeitamente, foi do frio de -3° na Província de Cusco no Peru, um local que fica a 4.335 metros acima do nível do mar. Já com relação as estradas, eu não tenho muito a reclamar dos outros países, porque eu costumo dizer que eles possuem asfalto e a gente não. Acredito que tenhamos quatro vezes mais, a quantidade de veículos que trafegam nas estradas, porque o fluxo nos outros países é muito menor", destacou.

Foto: Arquivo Pessoal

Ao chegar na Argentina, Cláudio contou que se surpreendeu com a recepção dos argentinos, e citou que a rivalidade só acontece no futebol.

"Eu pensei que seria muito mal recebido quando chegasse na Argentina e o pessoal pudesse ver a bandeira do Brasil aqui na bike. Porém a questão do argentino contra o brasileiro, é só no futebol que esta rivalidade acontece. Eu fui muito bem recebido lá e não tive problemas em usar a minha bandeira", afirmou.

O fotógrafo e aventureiro Cláudio Queiroz, foi recebido em Feira de Santana pelos amigos Zé Roberto e Léo Vitor, conhecido com 'Léo da Uniasselvi'.

"Logo depois de Santo Estevão eu passei mal novamente porque estava muito desidratado, então parei no hotel, mas graças a Deus eu posso dizer que fui resgatado por meus amigos Vitor e Zé Roberto e digo que eu ganhei irmãos na minha vida. Eu só tenho a agradecer a estes dois anjos, ontem eles não me viram chorando, mas eu sigo agora de volta para minha casa com o coração partido, porque acaba que a gente deixa para trás uma amizade, não que a gente não se encontre mais, porém aqui é uma despedida de duas grandes pessoas que fizeram parte da minha vida. Eu agora não vejo a hora de ver a minha família, minha esposa, meus filhos e costumo dizer que, quando chegar no meu estado de Pernambuco, na minha cidade, tenho certeza que irei beijar o chão, porque não existe coisa melhor na vida, do que você está no seu próprio berço", concluiu.

Foto: Roteiro

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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