Música

Artista de Feira de Santana Juli apresenta 'Mordaça', um grito antirracista

Juli lança single em parceria com o selo Banana Atômica

21/11/2020 às 09h38, Por Rachel Pinto

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Foi após ver seu pai ser vítima de um ato racista, que Juli se inspirou para escrever a música “Mordaça”, que sai em parceria com o selo Banana Atômica. A canção surge como uma prova da força, resiliência e celebração do povo preto.

“Essa foi a única música que surgiu num momento de ódio, a cena de meu pai me defendendo e sendo humilhado por ser preto… Foi a primeira vez que ouvi a palavra mordaça em muitos anos e depois prometi a ele, que iria trabalhar tanto, crescer tanto, que essas pessoas nunca mais conseguiriam nos humilhar. Essa música representa resistência mesmo. Esse fogo que temos de chegar mais longe, de abrir mais portas, trazer mais pretos com a gente. Essa música é o contexto que circunda o que eu vivo cantando. Todo o amor que eu canto e seguirei cantando”, comenta Juli.

A letra deixa exposta a ferida e a força de Juli, que canta: “eu sei bem, não tem a lei um coração/o opressor não se aponta, não em vão/mas sei também que morre preto todo dia/não vou engasgar com as palavras não ditas (…)/eu juro que cada palavra/que de minha boca sair/um racista sai e cala/vocês não vão mais me oprimir”.

“Mordaça” teve como inspiração principal o blues, estilo musical conhecido por seu tom melancólico e por ser fundamentalmente um estilo preto, com raízes nas tradições musicais africanas, canções de trabalho afro-americanas e spirituals (canto rítmico dos escravos estadunidenses). Juli conta que estava se aprofundando em seus estudos sobre música preta e acredita que a raiz da música é preta, sendo um símbolo de resistência.

Durante a canção, Juli também cita três nomes importantes da história preta: a guerreira Dandara e o mais famoso líder quilombola Zumbi dos Palmares aqui do Brasil e Sojourner Truth nos EUA (ativista política que lutou pelo direito das mulheres e contra a escravidão no século XIX).

“São nomes que reforçam nossa força, que tiveram a coragem que eu precisava ter para dizer o que disse, porque o racismo tenta nos fazer sentir menores, fracos, impotentes. Elas são uma memória de que não somos, que a nossa voz fica ecoando no sempre e eu não podia falar por nós, sem colocá-las a frente”, declara Juli.

“Mordaça” é um recado para aqueles que acham que o racismo não existe mais, principalmente no Brasil onde se vende a tal democracia racial.

“Me sinto na responsabilidade de mostrar o contrário. Contar o que vivo, não só para o meu povo se ver representado na minha música, mas para calar cada palavra que nos confronte por nossos traços e origens. Quero que morra o mito de que o racismo é mimimi até que o povo preto não morra mais. E quando isso acontecer, que fique claro que existiu e lutamos e resistimos até conquistar o nosso espaço que foi roubado por centenas de anos, que a consciência não morra quando algum dia o racismo morrer, finaliza Juli.

A capa que traz uma moça preta rompendo com as correntes do silêncio numa dicotomia entre a leveza e o peso, que muito bem representa a canção e é um trabalho do artista Kevin Cabral. O single já está disponível em todas as plataformas digitais e tem backing vocals de Danny Nascimento, arranjos de Andre T, Sergio Magno e Robson, tem produção musical, mixagem e masterização de André T e sai pelo selo de Feira de Santana, Banana Atômica.

“Mordaça” está concorrendo ao está entre as 50 selecionadas no 18º Festival de Música Educadora FM e está com as votações abertas.

Mais sobre Juli

Juli é de Feira de Santana (BA) começou a carreira em 2019, mesmo ano em que lançou o primeiro EP “Cantar & Voar” (2019) e faz parte do casting do selo Banana Atômica. Em seu currículo tem como destaque a música “Girassol” em parceria com a cantora baiana Ju Moares, que ficou conhecida pelo país após sua participação no programa The Voice Brasil. Juli é solar e canta sobre amor, o lançamento de “Mordaça” é uma curva em sua recente trajetória. Juli já passou pelos palcos de diversos eventos em Feira de Santana: Container Sonoro, Feira Noise Festival, Sesc Feira no projeto Sons da Bahia. Em Salvador: no Flow Festival participando junto com Pedro Pondé, no espaço Colaboarê de Ju Moraes e no Carnaval de Salvador no palco Origens no Pelourinho este ano.

Mais sobre Banana Atômica

Nascido em janeiro de 2019, o Banana Atômica é um selo e por vezes produtora sediada em Feira de Santana (BA) e encabeçada por Joilson Santos. Joilson já tem mais de dez anos de carreira e é um importante produtor na cidade, sendo o criador do festival Feira Noise, além de shows e eventos que movimentam a cena no local. O selo busca abrir espaço para artistas em começo de carreira, no intuito de impulsioná-los e levar o nome de Feira de Santana para mais longe do que só as linhas do estado da Bahia. O nome Banana Atômica veio justamente da cantautora Isa Roth, que imaginou a música como algo que contagia as pessoas e se espalha entre elas. A banana é a única fruta radioativa que temos na nossa dieta e o átomo é a elemento mais importante de uma radiação. A ideia do Banana é levar a música para outros níveis, pois o Banana Atômica é feito de música.


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Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCCuIyr-Jeu3uwa_6vVyUlZw

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