Feira de Santana

Arte com as mãos: eletricista de Feira de Santana fabrica mais de 9 mil carrinhos com barro

Com modelos de diversos países, cores e tamanhos variados, as peças foram fabricadas por ele desde 1974.

22/03/2022 às 08h42, Por Andrea Trindade

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Laiane Cruz

Aos 75 anos de idade, o eletricista aposentado de Feira de Santana Antônio Fernando Pereira de Oliveira observa alegre, enquanto limpa com muito cuidado, a sua coleção de carrinhos, motocicletas, aviões e barquinhos em miniaturas.

Com modelos de diversos países, cores e tamanhos variados, as peças foram fabricadas por ele desde 1974. São mais de 9 mil pequenas obras de arte, confeccionadas com amor, paciência e enorme precisão.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Fabrico todos os carros que eu conheço. Essa coleção eu comecei em 1974, mas antes quando eu era menino, eu já fabricava. Eu nunca vendi, faço porque acho bonito. Eu não tinha dinheiro para comprar, então eu fazia. Tenho isso desde criança, não podia ver a foto de um carro, que eu tinha que guardar”, revelou o artesão.

Na coleção de Antônio Fernando, tem carros com modelos de 146 países. Só dos Estados Unidos ele confeccionou mais de 1.300. No total, são 9.200 carrinhos, que ficam expostos em prateleiras no espaço dedicado só para eles.

Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade

“As pessoas que visitam minha casa gostam de tirar fotos. Todos são feitos de barro assado. Quando eu era mais novo, já fabriquei até 10 carros por dia, hoje só faço um a pulso por causa da minha idade. Antigamente eu usava tinta a óleo, e hoje uso a de tecido. Quando eu estou aqui esqueço do mundo, tem dias que fico aqui de noite, eu até cochilo, se ninguém vier me chamar eu durmo aqui dentro, se eu tiver sentindo qualquer dor, chego aqui e fico são. Me sinto alegre”, revelou Antônio ao Acorda Cidade.

Como o aposentado mesmo explicou, tudo é feito com barro e algumas partes com materiais reciclados, a exemplo das rodas, que são feitas com pedaços de borracha e o eixo que segura os pneus são feitos com taliscas de palha de coqueiro. Além dos carrinhos em miniaturas, a coleção de Fernando conta também com aviões, barcos, trens e motocicletas.

“Hoje só não fabrico mais, porque não tenho mais o barro, a matéria-prima e não estou trabalhando. Todos são pintados com o dedo. Só de motos são quase 800 exemplares de cerca de 3 centímetros. Em 15 minutos eu faço uma moto, e o carro é de 50 minutos a 1 hora”, contou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Aos 22 anos, o filho de Fernando, o estudante Vinicius Santos de Oliveira sente orgulho das criações do pai e deseja vê-lo sendo reconhecido pela sua arte.

“Eu me sinto orgulhoso, porque vejo a felicidade dele, como ele mesmo fala que quando está com problemas, quando está feliz, triste, ele vem aqui e se sente revigorado. E eu não sou muito chegado a carros, como ele já falou, mas quero fazer com que essa obra de arte dele seja reconhecida. Eu me alegro com a felicidade dele. Por isso, fiz uma página no Instagram com o nome @carros_de_barro”, informou o jovem ao Acorda Cidade..

Vinicius de Oliveira até já tentou seguir o exemplo do pai fabricando um carrinho, porém não teve muito sucesso. De acordo com ele, é preciso ter o dom, algo que Antônio Fernando tem de sobra.

“Já tentei fazer uma vez um carro, mas é muito complicado. No processo da preparação do material, o barro tem que ser peneirado. Quando estiver pronto tem que colocar no sol e não deixar muito exposto senão vai inchar, então é algo que só tendo o dom mesmo para fazer”, ressaltou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

A intenção de Vinícius com a criação do perfil na rede social é divulgar e à medida que as pessoas forem se interessando, fazer uma exposição pelas cidades da Bahia.

“Quem sabe um dia vamos poder levar isso para outros estados. Já estou em contato com pessoas de São Paulo. De início queremos que ele seja reconhecido e depois avaliamos a possibilidade de vender algumas peças. Os carros que as pessoas colecionam feitos de metal são vendidos numa média de 80 a 90 reais, eu acredito que esses carrinhos feitos de barro têm mais valor e podem ser vendidos de 150 a 200 reais”, avaliou.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
 

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