entrevista

Advogado diz que o problema da R. Carvalho é falta de gerenciamento e desvios financeiros

José Roberto Menezes disse que a empresa tem problemas de gerenciamento, que a dívida trabalhista deve ultrapassar 21 milhões de reais e, no máximo em 15 dias, 6 obras serão reiniciadas na cidade

22/07/2011 às 12h26, Por [email protected]

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Edição: Roberta Costa

O advogado José Roberto Cajado de Menezes, que representa a Construtora R. Carvalho concedeu na manhã desta sexta-feira (22), uma entrevista ao repórter Ney Silva, do Acorda Cidade, para explicar a real situação da empresa, fazendo os esclarecimentos necessários para a população. Segundo ele, a crise da R. Carvalho partiu da falta de gerenciamento, mas a empresa acredita que em 15 dias, algumas obras poderão ser retomadas e, que, aos poucos, ela irá se reerguer.

Advogado José Roberto Menezes, quais fatores levaram a essa crise da empresa R. Carvalho?
Gostaria primeiro de agradecer pela oportunidade de prestar os esclarecimentos necessários a comunidade e dizer que o problema da crise é falta de dinheiro, de liquidez. A partir daí, foi necessário tomar essa medida abrupta, no sentido de estancar e fazer uma reavaliação de toda a gestão da empresa, buscando uma solução no mercado que sane todas as pendências apuradas até a presente data.

A empresa não havia detectado nenhuma anormalidade? A crise veio de forma repentina?
Para tocar as obras, a R.Carvalho trabalhava utilizando o seu capital de giro e recorrendo ao mercado financeiro, que possui juros fora de uma realidade de mercado, enquanto aguardava determinadas contratações e a viabilidade dos empreendimentos. A partir do momento que os recursos ficam escassos, não temos outra saída além de frear a máquina e verificar qual o direcionamento deve ser dado.

Além de Feira de Santana, em quais estados atua a R.Carvalho?
Além de Feira de Santana, a R.Carvalho atua nos estados do Espírito Santo e Pernambuco com obras efetivas.  A situação é a mesma em todos os estados, não tem como isolar um do outro, pois a empresa é uma unidade.

Quantos empreendimentos a empresa possui em execução no momento?
Ao todo são 53. Em Feira de Santana, são 36 empreendimentos em execução atualmente.

Você acredita que a empresa apostou demais no mercado e falhou no caminho?
Não creditarei a essa hipótese, uma vez que o mercado está em franca expansão e é promissor, pois ainda não conseguimos suprir o déficit habitacional da cidade. A R.Carvalho tem mais problema gerencial do que de expansão.

Existe a possibilidade da empresa decretar falência e, posteriormente, retomar as atividades com outro nome?
Não. O comportamento da empresa é completamente distinto disso. Ela assumiu a sua condição de falta de liquidez, porque acredita nos seus empreendimentos, nas incorporações e no seu ativo.

Tem condições da R.Carvalho sair dessa crise e voltar a atuar plenamente?
O que posso dizer é que as dificuldades estão sendo enfrentadas. A empresa acredita no seu potencial, no ativo que possui, nos investimentos e empreendimentos que estavam sendo tocados e, que em breve serão retomados. A R.Carvalho permanece no mercado, sem recorrer a nenhum remédio judicial a fim de encontrar o seu ponto de equilíbrio e de partida.

Como está a relação da empresa com a Caixa Econômica Federal?
Eu poderia informar a vocês que, neste momento, o grande parceiro da R.Carvalho é a Caixa. Sem ela, não estaríamos viabilizando nenhuma das providências que estão sendo tomadas para reerguer a empresa. Um outro problema que dificulta a celeridade das ações é fato da empresa ter trocado o seu sistema de arquivamento de dados. Migrar para outro requer tempo e a confirmação dos dados. Quando todo o sistema for atualizado, poderemos traçar um Raio X exato da R.Carvalho.

Segundo a advogada do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Solange Martins, a dívida da empresa com as rescisões estão em torno de R$ 21 milhões. Qual é a dívida exata da empresa?
A dívida trabalhista da R.Carvalho deve ultrapassar 21 milhões de reais. O que foi informado na reunião que aconteceu no Ministério Público do Trabalho é que nessa divida está inclusa toda a empresa, não Feira de Santana. Com a retomada das obras, as rescisões contratuais serão suspensas. As demissões foram feitas para estancar o passivo trabalhista e possibilitar ao trabalhador, neste momento de crise, o recebimento do seguro desemprego e do depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Qual a previsão para a retomada das obras?
As obras do estado do Espírito Santo, por exemplo, estão dependendo apenas de questões burocráticas referentes a assinatura de contratos para serem reiniciadas, o que deve acontecer nos próximos 10 dias. Em Feira de Santana, a precisão é que 6 obras serão retomadas no prazo de 10 a 15 dias, pois também estão dependendo de negociações com outras empresas e com a Caixa Econômica Federal.

Quanto aos funcionários, eles serão recontratados?
Eu não tenho dúvidas de que eles serão recontratados. Teremos em breve o reinicio das obras tocadas com a empresa Tenda. Obrigatoriamente, teremos que contratar pessoal e, serão contratados os que estavam previstos para a execução da obra. Pode haver redução do número, mas que serão recontratados desde o engenheiro até o auxiliar de serviços gerais, não temos duvidas.

Em quanto tempo será feita a recontratação?
O contrato com a Tenda será fechado hoje. No prazo de 15 dias, as obras serão retomadas e os funcionários contratados.

Como está a negociação com os fornecedores?
Nós iniciamos a conversa com eles ontem (21), solicitando a posição atual da dívida, data de vencimento, porque a nossa foi feita e precisamos confirmar as informações. Temos em media uma dívida de R$19 milhões com fornecedores e um estoque de, aproximadamente, R$18 milhões. Nós queremos resolver logo a situação porque, sem o trabalhador e sem o fornecedor, não condição de retomar as obras.

Como está o emocional do presidente da empresa, o senhor Roberto Carvalho?
Toda pessoa decente se abala com uma situação dessas. É um momento difícil, não se vislumbrou isso. Ele acredita no projeto, no programa e nas pessoas que fazem parte dele. Em cima dessas crenças, ele vai e começa a trabalhar. No mercado, ele pode ter sucesso, como também insucesso. Não acredito que essa seja uma situação de insucesso, mas de enxugamento para uma realidade que ele possa controlar. A empresa tem um problema sério de gestão, com desvios financeiros, de material e de pessoal.

Serão feitas mudanças na composição da empresa?
Pode até ocorrer o ingresso de outras empresas do ramo da construção civil, o que não é uma operação fácil. Não pelo tamanho da empresa, mas pela falta de tempo. Uma negociação como essa demora de 30 a 45 dias para ser efetuada.

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