Feira de Santana
Hospital de Campanha participa de estudo sobre medicamento para Covid-19
Descobriu-se que o Dissulfiram também atua impedindo o acúmulo de substâncias inflamatórias no sangue, chamadas citocinas, durante um quadro infeccioso como a Covid-19.
02/03/2021 às 16h38, Por Rachel Pinto
Acorda Cidade
Pacientes diagnosticados com a Covid-19 internados no Hospital de Campanha de Feira de Santana, que apresentam sinais e sintomas moderados, participam de estudo sobre o medicamento Dissulfiram – originalmente desenvolvido para tratamento do alcoolismo – que avalia eficácia e segurança em casos da doença.
Em uso para tratamento do alcoolismo, o medicamento inibe a produção de enzimas que fazem parte do metabolismo do álcool, levando ao acúmulo da substância no organismo e consequentemente provocando sintomas que geram repulsa ao consumo da bebida. No entanto, descobriu-se que o Dissulfiram também atua impedindo o acúmulo de substâncias inflamatórias no sangue, chamadas citocinas, durante um quadro infeccioso como a Covid-19.
"É um medicamento já conhecido desde 1950, e que tem um histórico de ser muito bem tolerado, exceto quando o paciente faz uso com bebida alcoólica", destacou médico coordenador clínico da unidade hospitalar, Valdir Cerqueira.
Ainda de acordo com ele, muitos pacientes já completaram a participação no estudo e tiveram boa evolução clínica. "Nenhum efeito colateral importante foi observado até agora. Mas, somente ao final do estudo poderemos comparar os resultados, provavelmente será continuado na fase III, para confirmar se há eficácia".
O medicamento está sendo avaliado no Brasil e Estados Unidos. Em Feira, a pesquisa clínica é coordenada pelo Instituto de Ensino e Terapia de Inovação Clínica AMO (Etica) e está em fase II.
A metodologia do estudo é duplo-cego, quando nem o paciente, nem o examinador, sabem quem está tomando o medicamento ou placebo (substância que não apresenta efeito). Nesta etapa serão necessários 200 pacientes e até o momento cerca de 30 foram recrutados. A participação é voluntária.
Automedicação
A automedicação pode trazer graves danos à saúde, já que os medicamentos possuem contraindicações e efeitos adversos, e devem ser prescritos por um profissional de saúde, que avalia caso a caso. Por este motivo, o médico destaca que o medicamento ainda não possui eficácia comprovada.
"Já vimos que outros medicamentos que pareciam eficazes contra a Covid-19 não conseguiram mostrar benefício quando passaram pelas pesquisas clínicas. Assim, é importante aguardarmos os resultados finais deste estudo, e não se automedicar", enfatizou Valdir Cerqueira.
As informações são da Secretaria Municipal de Comunicação
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