Economia

Produtores orgânicos apontam falta de insumos e comercialização como entrave para comércio

Empresas apostam em nichos específicos para crescer, mas ainda faltam incentivos

08/07/2019 às 08h28, Por Maylla Nunes

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Uma pesquisa publicada neste mês pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostrou que a falta de insumos, comercialização, a assistência técnica e a logística são os grandes entraves atuais para os produtores orgânicos brasileiros. O estudo entrevistou 1,2 mil micro e pequenos empresários, empreendedores e fabricantes do setor.

Segundo Luiz Rebelatto, do Sebrae, a agricultura convencional, que domina a produção brasileira, conta com uma série de insumos disponíveis, como adubos, agrotóxicos, fertilizantes químicos e sementes de alta produtividade. A disponibilidade é modificada, porém, quando se trata dos produtores orgânicos: é difícil encontrar no mercado produtos como biofertilizantes e defensivos naturais para afastar insetos ou doenças, além de sementes, por falta de pesquisa e investimentos.

“A agricultura orgânica também precisa de alguns insumos principalmente na fase inicial de transição agroecológica, quando uma unidade de produção deixa de ser convencional, para de usar produtos como agrotóxicos e fertilizantes químicos, e pode então ter a certificação da produção orgânica. Nessa conversão, o agricultor sente muito e cai muito a produtividade. É necessário que haja uma substituição de insumos, do químico para o orgânico”, defendeu Rebelatto durante um evento em São Paulo.

A assistência técnica (39% dos entrevistados) e a logística (38%) também são obstáculos apontados na pesquisa do Sebrae. Apesar disso, há exemplos positivos: em São Paulo existe um rol de empresas que produz roupas com tecido de algodão orgânico, que é livre de agrotóxicos, pesticidas e de químicos nocivos desde o cultivo. 

Até as plantações de algodão orgânico utilizam o sistema de rotação de culturas, além de terem – em relação ao convencional – uma menor pegada hídrica, menor emissão de gases poluentes e menores acidificação do solo e eutrofização. 

Estudos recentes mostram que, no processo tradicional da indústria têxtil, o tingimento muitas vezes utiliza corantes artificiais ou tintas com metais pesados que podem causar irritações na pele ou até mesmo câncer. Além disso, o uso de algodão orgânico pode ser adaptado para produção em escala – há camisetas adidas que já são feitas dessa forma. Os entraves são apenas os insumos e o público. 

“Nós firmamos um convênio Sebrae-Embrapa para desenvolver a identificação de onde esses insumos estão. Estamos fazendo um grande mapeamento nacional com todas as empresas que produzem, com todas as lojas que têm a comercialização desses produtos, e vamos identificar com os endereços, fazer um aplicativo com GPS, para saber onde encontrar o insumo mais perto da sua produção”, finalizou Rebelatto.

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