Feira de Santana

Jovem portadora de vitiligo dá exemplo de autoestima e empoderamento feminino

Ela percebe a forte relação da doença com as emoções.

25/06/2019 às 17h41, Por Rachel Pinto

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Rachel Pinto

Nesta terça-feira, 25 de junho, é comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Vitiligo. O vitiligo é uma doença de pele caracterizada pela perda da coloração da pele, devido a destruição das células que formam a melanina e dão cor à pele. Essa condição promove o surgimento de manchas brancas pelo corpo de vários tamanhos. O Dia Mundial do Vitiligo foi instituído no dia 25 de junho de 2011 , dois anos antes da morte do cantor Michael Jackson. Ele também era portador da doença. Muitas pessoas desconhecem o vitiligo e o Dia Mundial de Conscientização busca divulgar sobre essa condição física e sobretudo combater o preconceito.

Em Feira de Santana, a estudante Bianca Novaes Macedo, de 25 anos, que é portadora da doença há 15 anos, dá exemplo de autoestima e empoderamento feminino ao assumir ser portadora de vitiligo e mostrar que essa característica não interfere em nada a sua vida social.

Foto: Arquivo Pessoal

Bianca lida muito bem com o vitiligo e esbanja beleza e autoafirmaçãocom as suas particularidades. Mostra o quando é bem resolvida e como sua postura pode ajudar outras mulheres no processo de aceitação e quebra de padrões de beleza. Ela conta que adquiriu o vitiligo aos 10 anos de idade após presenciar seguidas discussões entre os pais. Segundo Bianca, essa realidade a fez ficar com o emocional abalado a ponto de desencadear o aparecimento de várias manchas brancas na pele.

A estudante diz que com o tempo, as manchas foram aumentando e ela percebe a forte relação da doença com as emoções, quando passa principalmente por alguma situação que envolva os sentimentos.

“Em um mês as manchas tomaram meu corpo todinho. Depois de um tempo estabilizaram e não cresceram mais. O interessante do vitiligo é que quando eu passo por uma emoção muito forte, nasce uma nova mancha na região das extremidades (boca, dedos, olhos) ou aquela que estava menorzinha fica em evidência novamente. Atualmente tem uma manchinha próximo a minha boca que sempre que estou, nervosa, ansiosa ou triste ela fica em destaque. Quando resolvo essas emoções internamente a manchinha quase desaparece”, comenta.

O preconceito

Cada vez mais o preconceito em relação a doença é quebrado. Inclusive pessoas famosas do cenário da moda nacional e internacional que são portadoras da doença levantam a bandeira da conscientização, que a beleza é algo peculiar de cada um e é importante chamar a atenção para as diferenças. No entanto, Bianca, diz que apesar de atualmente perceber que as pessoas passaram a enxergar o vitiligo de forma natural, durante a sua adolescência vivenciou muitas situações preconceituosas a ponto de vestir roupas que escondessem a sua pele, por medo dos olhares alheios.

Foto: Arquivo Pessoal

Bianca chegou a buscar alguns tratamentos caseiros e manipulados e de acordo com ela, seu corpo reagiu melhor aos tratamentos caseiros. Recentemente, uma insolação a fez procurar um médico dermatologista e ele verificou que depois da longa exposição ao sol a pele passou a produzir muita melanina. Atualmente ela toma um medicamento que faz com que a pele volte a cor natural e ela explica que está aproveitando a oportunidade que surgiu espontaneamente para conter o avanço das manchas brancas.

Aceitação

Bianca acrescenta ainda que tanta autoestima e tranquilidade ao expor seu corpo e sua condição física vem do espelho de mulheres reais com as quais mantém contato e é próxima.

“Me espelho em mulheres reais, que têm histórias e lutas parecidas com as minhas, mulheres próximas ou que a internet aproxima, amigas, irmãs, avós. As pessoas amam minha exposição em relação a minha pele. Me elogiam, me encorajam e se espelham em mim, sabem que faço isso com o coração aberto, com orgulho de ser essa Bianca que sou hoje. Acredito que ajudo no empoderamento feminino, porquê é uma forma das mulheres se aceitarem e se acharem surpreendentemente lindas como são, diferentes umas das outras, únicas”, relata.

Redes sociais

As redes sociais, de acordo com Bianca, são fortes aliadas para a conscientização e divulgação sobre o vitiligo. Em seu perfil no Instagram, ela conta com milhares de seguidores que acompanham e se identificam com as suas postagens relacionadas ao vitiligo e a quebra de padrões estabelecidos. Os comentários e o feedback das pessoas são muito positivos, permitem o acolhimento e a receptividade.

Ela afirma que acredita que a sociedade se encontra bem encaminhada em relação a aceitação de pessoas com vitiligo e que hoje não se sente mais observada com olhar de repulsa das pessoas.

“As mídias sociais facilitam muito esse contato com o diferente, o que torna o processo de ser portadora de vitiligo muito mais fácil e leve. As pessoas estão mais receptivas, isso é sensacional. Mas, preciso deixar claro que a aceitação e a conscientização do que é ter vitiligo precisa vir primeiramente da pessoa que o tem. Se a gente não se aceita não tem como o outro aceitar. Primeiro, nós, depois, os outros. Quando me aceitei não me importei mais com um olhar atravessado sequer, a limitação era minha e não do outro”, frisou.

Foto: Arquivo Pessoal

A estudante de psicologia, chegou a fazer terapia logo quando descobriu a doença. Depois, não fez mais, porém o contato com o universo da psicologia a ajuda em todas as esfera da sua vida. Fortalece os seus ideais, princípios e principalmente a sua autonomia feminina.

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