Comportamento
Dia Internacional da Felicidade desperta reflexões sobre a vida, comportamentos e compreensão de mundo
Durante séculos, o ser humano busca compreender a felicidade e viver na prática esse estado.
20/03/2019 às 12h29, Por Rachel Pinto
Rachel Pinto
Hoje, 20 de março, é o Dia Internacional da Felicidade. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2012 durante assembleia geral. A resolução foi aprovada por unanimidade e diz que "a busca pela felicidade é um objetivo humano fundamental. A resolução também orienta que a felicidade seja observada de forma apropriada e através de atividades educativas e de conscientização pública.
Durante séculos, o ser humano busca compreender a felicidade e viver na prática esse estado. Existem várias análises, estudos científicos, comportamentais sobre o tema e olhares mais poéticos e subjetivos. Na compreensão do cantor e compositor Belchior, a felicidade é uma “arma quente” e que está onde bate o seu coração. Mas, onde está a felicidade para as outras pessoas? O que significa o estado de felicidade? É possível que uma pessoa realmente atinja esse estágio? A reportagem do Acorda Cidade ouviu a opinião de algumas pessoas sobre o tema e o que a felicidade representa na sociedade contemporânea.
O professor e psicólogo Claudson Cerqueira analisa a felicidade como um estado de bem-estar e um bem- estar não somente relacionado a um aspecto da vida humana, mas, um bem-estar completo, um bem-estar físico, emocional, social, cultural. Em uma perspectiva de amplitude e construção do ser humano.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“É uma conceituação muito subjetiva e não existe um padrão de felicidade. O que é felicidade para mim, o que me deixa feliz é diferente do que deixa o outro feliz. Isso vai depender muito da pessoa, das coisas que ela interpreta e que acontecem na vida. A forma como as coisas acontecem no mundo. Aquilo que a pessoa estabelece enquanto prioridade e aquilo que ela constrói enquanto projeto de vida. O quanto ela atinge os seus objetivos de vida, aquilo que atinge as suas satisfações dos seus desejos, das suas motivações e acredito que isso vai estar muito relacionado a aquilo que a pessoa pensa sobre isso”, declarou.
O psicólogo afirma que não existiria a felicidade se não existisse a tristeza. A vida em sociedade tende a valorizar a felicidade e excluir tudo aquilo que está relacionado a tristeza. Para ele, é a tristeza que ajuda a ressignificar a felicidade e a percepção de cada indivíduo.
A procura da felicidade
O coach Henrique de Moraes se dedica ao estudo da felicidade há 15 anos. Ele desenvolve um curso chamado Ciência da Felicidade que foi criado a partir de sua própria experiência, questões emocionais e patologias e é pautado principalmente no autoconhecimento. Ele frisou que o estado de felicidade também não anula a ausência de tristeza e segundo ele, a felicidade é um estado vibracional que é atingido a partir de um conjunto de ações de neurotransmissores.
Foto: Arquivo Pessoal
“Essa frequência em relação o aspecto emocional, que vai produzir um estado mental. Tem a ver com a não rejeição, a compreensão profunda de que tudo acontece da forma que tem que acontecer e que consciente ou inconscientemente a pessoa escolhe para acontecer A felicidade é um estado profundo de compreensão do universo interior", destacou.
Henrique também acredita que a felicidade pode ser compreendida em um aspecto emocional enquanto um estado transitório impermanente e proporcional a capacidade de um ser se amar, se relacionar consigo de forma amorosa e se relacionar também com outros seres com amor. O amor incondicional é a base da felicidade segundo o líder espiritual do Tibete Dalai Lama.
“Tenho 15 anos me dedicando ao estudo da felicidade baseado em sofrimentos profundos próprios. Viajei o mundo, fui a Índia, entrevistei grandes líderes religiosos e para chegar a um conceito que transcendesse aspectos sócio políticos econômicos e culturais. O propósito da humanidade é a felicidade e o que acontece é que os valores estão muito equivocados. O ser humano confunde felicidade com satisfação, com alegria com percepções sensoriais, mas a pessoa pode estar com muita dor e inclusive triste, mas estar feliz. Porque a felicidade é um estado de compreensão e não rejeição. Pode estar feliz e compreendendo que está aqui para aprender e ressignificar”, acrescentou.
A freira Antonieta, que é religiosa da Congregação das Filhas de Jesus observa que a felicidade é uma construção e o fato da pessoa estar bem consigo mesma e saber lidar com as dificuldades. É ter uma visão positiva da vida e um conjunto do bem-estar físico, mental, espiritual e emocional. Ela desenvolve um projeto chamado Unibiótica que preza pela conservação da vida, na Paróquia São João Batista em Feira de Santana que atende a comunidade e segundo irmã Antonieta, é possível acompanhar o estado de felicidade através das senhoras que participam da Unibiótica. O movimento do corpo, da mente, assim como o alimento para o espírito e compreensão das emoções são alguns caminhos para a felicidade.
Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade
“A felicidade não é a ausência de dificuldades. A fé em Deus pode proporcionar esse estado e é uma dimensão da vida. Mesmo que a pessoa tenha crenças que não estão associadas aos valores do Deus verdadeiro, mas ela pode ter um lado religioso que precisa ser preenchido e que acredita ser maior do que ela. A felicidade é uma construção e cada um é responsável pela sua história e seu caminho”, declarou.
A irmã Antonieta tem 53 anos na vida religiosa e 75 anos de idade, ela afirmou que se considera uma pessoa muito feliz diante da sua experiência de vida e do autoconhecimento.
A dona de casa Ana Maria Pinheiro é uma das alunas do projeto Unibiótica desenvolvido pela irmã Antonieta. Figura muito conhecida no bairro São João, é uma das alunas mais animadas do projeto e está sempre de bom humor, alto-astral e demonstrando felicidade por onde passa.
Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade
Dona Ana já passou por muitas dificuldades e momentos tristes na vida, mas não deixa nunca de estampar um sorriso no rosto, manter o otimismo e ser sempre solidária e simpática com o próximo. Ela comenta que é uma pessoa feliz e a sua felicidade é fruto das suas relações com as outras pessoas, o amor que sente pelas filhas e também o contato que tem com as plantas e as flores.
Foto: Arquivo Pessoal
“Eu procuro sempre amar o ser humano. Me sinto amada e o que me deixa triste é ver alguém fazendo perversidade com o outro. Muitas pessoas dizem que minha felicidade é contagiante, mas eu penso que Deus é responsável por isso. Porque é ele quem cuida, dá amor, carinho e nunca desampara ninguém” , frisou Dona Ana.
Como a felicidade é um estado subjetivo vale ressaltar que cada pessoa tem a sua compreensão e entendimento do que é vivenciar e do que é ser feliz. A resolução da ONU destaca que a felicidade é um dos principais objetivos da humanidade e que esse estado permite alcançar níveis de desenvolvimento sociais, saúde e até econômicos.
Colaborou o repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
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