Saúde
Se não tratadas adequadamente, infecções urinárias podem causar sérias complicações à saúde
Geralmente, o tratamento é feito com antibiótico associado a medicamentos para alívio do desconforto, como antissépticos e analgésicos.
08/03/2019 às 07h46, Por Andrea Trindade
Acorda Cidade
Quando o assunto é saúde feminina, é difícil não se referir às incômodas infecções urinárias. Queixa comum nos consultórios médicos, atinge 50 vezes mais mulheres do que homens. Isso se deve principalmente à anatomia feminina: uretra mais curta e mais próxima do ânus.
Causadas principalmente pela Escherichia coli, bactéria presente no intestino e importante para a digestão, as infecções são classificadas como uretrites (quando acometem a uretra), cistites (bexiga) e pielonefrite (rins). “A cistite, principalmente, é comum nas mulheres e causa grande desconforto. Muitas chegam a desenvolver até quatro infecções urinárias por ano. Mas, embora sejam comuns, devem sempre ser tratadas com orientação médica devido ao risco de evolução para quadros infecciosos mais graves”, alerta a professora livre docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Silvana Quintana.
As principais queixas são: urinar em pequena quantidade em várias vezes (polaciúria) e ardência ao urinar (disúria). Sensação de peso ou dor pélvica, urina turva ou escura e presença de sangue na urina também são sintomas indicativos de uma infecção.
O mal-estar causado pelas infecções muitas vezes leva a paciente a buscar alternativas mais rápidas como o uso de medicamentos que aliviam os sintomas ou uso de sobras de antibióticos. “A legislação atual, que controla a venda de antibióticos, contribuiu muito para evitar a automedicação, mas ainda há quem busque alternativas caseiras ou faça uso de sobras de remédios”, comenta Dra. Silvana. “É importante frisar que toda medicação tem riscos, que podem ser potencializados se forem utilizadas doses e intervalos inadequados”.
Prevenção
Alguns hábitos têm sido associados à prevenção de infecções urinárias:
-Ingerir muita água, pois colabora com a eliminação de bactérias da bexiga;
-Urinar com frequência. Segurar a urina aumenta o risco de proliferação de bactérias.
-Urinar após uma relação sexual também favorece a eliminação de bactérias que possivelmente tenham entrado no trato urinário durante o coito;
-Caprichar na higiene mantendo a região genital sempre limpa. Após a evacuação, passar o papel higiênico de frente para trás e lavar a região com água e sabão;
-Tratar a prisão de ventre, pois também auxilia na proliferação de bactérias;
-Evitar roupas muito apertadas e cuidar da higiene das roupas íntimas;
-Trocar absorventes internos e externos com frequência de duas a três horas, no máximo.
Diagnóstico e tratamento
Embora o exame de cultura de urina (urocultura) seja o padrão para o diagnóstico da infecção urinária, atualmente cresce o uso das técnicas de biologia molecular como opção para resultados mais rápidos e minuciosos para casos de infecções. O diagnóstico preciso da infecção e o tratamento correto são fundamentais, uma vez que as infecções urinárias podem evoluir para quadros graves como infecção renal (pielonefrite), sepse (infecção generalizada) e até mesmo danos permanentes nos rins. Em gestantes, aumentam as chances de parto prematuro ou bebê com peso abaixo do normal e óbito fetal.
Baseados na tecnologia de PCR (reação em cadeia da Polimerase) em tempo real, exames moleculares detectam diferentes patógenos causadores de uretrites e infecções sexualmente transmissíveis (IST). “O teste molecular oferece, em poucas horas, resultado preciso sobre as bactérias presentes na amostra. Desta forma, o médico pode prescrever o antibiótico específico para o patógeno identificado, evitando possíveis readequações no tratamento”, explica o responsável pelo laboratório da Mobius Life Science, Lucas França.
Geralmente, o tratamento de uma infecção urinária é feito com antibiótico associado a medicamentos para alívio do desconforto, como antissépticos e analgésicos. Os sintomas costumam desaparecer em poucos dias, mas é fundamental que o paciente complete o tratamento no prazo determinado pelo médico, sob risco de retorno ou agravamento da doença.
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