Samba de Bié
Documentário conta a história do sanfoneiro feirense Bié dos 8 Baixos
Bié aprendeu a tocar sanfona sozinho aos dez anos de idade e desde então nunca parou.
03/12/2018 às 18h32, Por Rachel Pinto
Rachel Pinto
Toda segunda-feira o Centro de Abastecimento em Feira de Santana sempre está agitado. Tem a movimentação das compras, dos feirantes, dos clientes, dos ônibus, vans, carros de mão e do famoso Samba de Bié, que acontece por volta das 10h na barraca de Dona Santinha, próximo ao galpão dos peixes e mariscos.
O samba de Bié tem percussão, zabumba, sanfona de oito baixos e toda a musicalidade já acontece há mais de dez anos. É ponto de encontro de amigos, comerciantes, ativistas culturais e quem passa, mesmo que esteja com pressa para ao menos um minuto que seja para apreciar o movimento. Nesta segunda-feira chuvosa, o samba estava ainda mais especial com o lançamento do documentário curta-metragem sobre Bié dos 8 baixos.
Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade
Produzido por Uyatã Rayra e com direção de Eduarda Gama, o filme conta a história do sanfoneiro Francisco da Silva Sena (Bié), de 75 anos, morador da comunidade de Sete Portas. Bié aprendeu a tocar sanfona, sozinho, aos dez anos de idade e desde então nunca parou. Seus ídolos são Luiz Gonzaga e Dominguinhos, e a música é o que lhe traz vitalidade e alegria.
Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade
“O filme é um registro de minha vida e do samba que acontece aqui. Quando eu não venho o povo vai me buscar. É uma alegria, eu me sinto muito feliz em participar, conhecer gente, fazer amigos e colocar o povo para dançar”, disse ao Acorda Cidade.
Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade | O Samba de Bié acontece na barraca de Dona Santinha
O ativista cultural, tatuador e artista plástico Márcio Antônio Santos, conhecido como Márcio Punk é um dos divulgadores e apoiadores do Samba de Bié e também do curta-metragem. Para ele, o Samba de Bié é uma das expressões culturais mais lindas que acontecem em Feira de Santana.
Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade
“É uma festa que é de graça. Para o povo da roça, do Centro de Abastecimento que acorda cedo, que vem vender, comprar, batalhar, é um evento livre para todos. Eu acho um movimento lindo, perfeito, as pessoas vibram de alegria e vamos lutar para que esse movimento continue. O filme me deixa arrepiado, traz a sensibilidade de Uyatã que registrou toda a força e energia de Bié. Esse documentário é um grande presente para a cidade e também para o artista.
Márcio Punk informou também que atualmente o samba não tem acontecido com tanta frequência porque foi proibido pelas autoridades e sob as alegações do som alto e atos de violência que ocorreram no Centro de Abastecimento. Ele afirma que o Samba de Bié é alegria, é paz e nada tem a ver com esses acontecimentos. Punk reforça que o objetivo é que a festa continue com a mesma frequência todas as segundas feiras e faça a alegria das pessoas como sempre foi.
Uyatã Rayra produtor do filme, considera Bié dos 8 baixos um patrimônio imaterial. Um símbolo da cultura popular da vida, música e alegria. Ele destaca que o samba é "Diferenciado", diferente e de Feira de Santana.
“Bié não só é a pessoa física, como também a ideia. O documentário traz a sua vivência, suas relações e o samba dele é diferenciado, tocado com 8 baixos, sanfona, algo que não é tão comum em se ver. É um samba rural”, declara.
Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade
O produtor disse ao Acorda Cidade que se emociona com o artista Bié e o movimento cultural do Centro de Abastecimento, principalmente a participação do povo de forma livre e espontânea.
A diretora do filme Eduarda Gama, ressaltou a participação coletiva na elaboração do documentário e também o movimento do samba que é retratado nas imagens.
“Traz esse acontecimento do samba, no meio da feira e isso marca. Não sei de o samba vai continuar acontecendo, mas o samba é o registro dessa cultura rural que existe e resiste”, concluiu.
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