Economia

Vale a pena aderir à tarifa branca de cobrança de energia elétrica?

Medida da Aneel vale apenas para casas com gasto mensal superior a 500 kWh, mas o programa vai se estender a todas as casas brasileiras em 2020

25/05/2018 às 09h37, Por Maylla Nunes

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A tarifa "branca" de energia elétrica pode ser um grande fator de economia para os consumidores brasileiros que aderirem ao projeto, mas também pode significar um aumento na conta do final do mês. Ao menos é o que alertam os economistas e especialistas do setor. A tarifa foi colocada em vigor no primeiro dia do ano, prometendo descontos para quem usar menos energia nos horários de pico.

A iniciativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) partiu da possibilidade de baixar ainda mais o consumo de energia elétrica no Brasil. Em 2017, os três primeiros meses do ano fecharam com uma queda de 4,2% em relação ao ano anterior, muito por causa da crise dos reservatórios no Sudeste, que gerou programas das concessionárias e foi amplamente debatido na mídia.

A chamada "tarifa branca" é um tipo de cobrança do órgão estatal em que os valores cobrados pelo consumo variam em função da hora e do dia da semana. Nos horários de pico, em que há mais gente usando, o preço aumenta. No entanto, em horários de baixo consumo, como a tarde ou a madrugada, ela sai mais em conta.

A Aneel não determinou uma escala nacional de horários e dias mais baratos, deixando as concessionárias (69 no total) na responsabilidade de definir os valores descontados dos consumidores a partir de cada período.

Além disso, a tarifa branca só pode ser aderida para quem possui um consumo mensal superior a 500 quilowatt/hora (kWh), o que correspondente a apenas 4,5 milhões de clientes das concessionárias pelo país. Nesses casos, eles precisam pedir às empresas que distribuem energia para trocar seus medidores – processo que pode durar 30 dias. 

Com ele, a tarifa passa a ser medida por meio do período de consumo. "Agora, são unidades que costumam ter aparelhos como ar condicionado de janela, muitos eletroeletrônicos ligados o dia todo, além de chuveiros mais potentes e que, assim, gastam mais", explica o economista Ricardo Avelino, da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo.

A Aneel diz que a média brasileira de consumo residencial de energia elétrica é de 160 kWh por mês. 

O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite, acredita que os consumidores precisam simular seus tipos de consumo antes de aderir à tarifa branca, procurando não apenas saber os horários de descontos de sua concessionária, mas também procurando saber se consegue se adequar a eles. 

"Se o consumidor conseguir organizar o uso de aparelhos como ar-condicionado, chuveiro elétrico, ferro de passar e máquina de lavar roupa – aparelhos que mais consomem energia -, vale a pena", disse à Agência Brasil.

Para Avelino, o problema da tarifa pode ser a indisciplina dos consumidores: se aqueles que aderirem à conta mais barata seguirem gastando o que estão acostumados, o valor final terá o efeito contrário do esperado: vai se elevar. 

"O consumidor deve levar em conta se tem muitos aparelhos ligados 24 horas por dia – caso de geladeiras, freezers ou equipamento de segurança eletrônica, por exemplo. Nesses casos, pode não ser tão interessante a mudança para a tarifa branca", diz.

"Para famílias grandes, com horários de banho diversos, e para quem recebe muitas visitas, a tarifa branca também deixa de ser atrativa", completa.

A partir de 2019, a adesão à tarifa branca se estenderá àqueles que tenham consumo médio mensal entre 250 kWh e 500 kWh, o que vai corresponder a 15,9 milhões de clientes no país (19% do total). Em 2020, enfim, todos poderão aderir à modalidade tarifária no país. Hoje, a Aneel diz que existem 83 milhões de unidades consumidoras no Brasil.

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