Economia

Crise entre EUA e China abre espaço para venda da soja brasileira

O combate aos produtos de origem estrangeira é uma bandeira de campanha do presidente Donald Trump.

14/04/2018 às 08h50, Por Rachel Pinto

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China e Estados Unidos, duas das maiores potências políticas e econômicas do mundo, entraram em uma batalha. Mesmo sem armas envolvidas, a tensão econômica entre os dois países tem reflexos em diversos setores, principalmente no mercado financeiro.

Desde o anúncio americano de tarifas de US$ 50 bilhões sobre importações chinesas, produtores agrícolas brasileiros observam atentamente essa "guerra velada". No início do mês, em resposta à taxação, o governo de Pequim impôs tarifas de 25% sobre 128 produtos "made in USA", como soja, carros, aviões, carne e produtos químicos.

O combate aos produtos de origem estrangeira é uma bandeira de campanha do presidente Donald Trump. Desde março, ele começou a colocar em prática sua política 'America First', que tem como foco principal fortalecer a indústria americana em detrimento de produtos importados.

Entre os produtos taxados está um dos pilares da agricultura brasileira: a soja. No ano passado, foram produzidos mais de 114 milhões de toneladas de soja no Brasil, segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). Maior exportador mundial da oleaginosa, o Brasil bateu recordes na última safra, em meio a condições climáticas consideradas “perfeitas” pelo mercado.

O vácuo deixado pelo embate deu a alguns produtores a ideia de que o momento é propício para novos negócios, já que os americanos são um dos maiores produtores de soja do mundo. E a China, um dos principais compradores.

O assessor de Relações Internacionais da CNA, Pedro Henriques, afirma que a entidade pediu prudência aos exportadores, já que boa parte dos negócios são considerados de “curto prazo”. O especialista ressalta que medidas protecionistas são comuns e acredita também que oportunidades melhores possam surgir no mercado.

“De um modo geral, a gente tem que esperar um pouco para ver como os preços e as oportunidades vão se assentar para aproveitarmos de uma maneira mais positiva. Então, para de fato aproveitarmos essa oportunidade a longo prazo, precisamos ser racionais e trabalhar políticas que fortaleçam a competitividade do produtor brasileiro no comércio exterior, e não ser imediatista apenas para atender uma necessidade do mercado.”

O tom de cautela em relação ao cenário mundial é reforçado pelo presidente da Associação de Produtores de Soja do Brasil, Marcos da Rosa. Produtor de soja no Mato Grosso, Marcos salienta que a crise entre americanos e chineses tem uma dimensão que não se restringe apenas ao comércio.

“Sem dúvidas, temos que ter cautela, pois são duas grandes potências mundiais que estão em uma disputa, e é uma disputa que nós ainda não entendemos o foco dela. Tem alguma coisa muito grande, além da produção agropecuária, envolvida nisso.”

No ano passado, foram exportados mais de 65 milhões de toneladas de soja, de acordo com a CNA. A perspectiva para 2018 é de uma produção menor que a do ano passado.

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