Artista plástico faz exposição a céu aberto sobre reflexões da vida cotidiana

^{Rachel Pinto}

Atualizada às 15:36

Na Avenida Presidente Dutra, entre a praça Jackson do Amauri e o corredor de palmeiras imperiais nas imediações da Rua Castro Alves, em Feira de Santana, uma galeria de pinturas a céu aberto tem chamado a atenção de muitas pessoas que transitam pelo local e está trazendo reflexões sobre a vida, comportamentos e maneiras de se relacionar com o próximo.

Foto: Luciano dos Anjos

Trinta e cinco telas coloridas, pintadas em portas de guarda-roupas e com frases sobre civilidade, fé, solidariedade, educação no trânsito e mensagens otimistas e de ânimo são do artista plástico feirense Luciano dos Anjos, que também é poeta e há seis anos descobriu o gosto pela pintura. Ele começou na porta de casa, no bairro Jardim Acácia, pintando seus quadros e espalhando bons sentimentos através de sua arte.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

Intitulada “Arte não é lixo”, a exposição é produzida com materiais recicláveis, que o artista coleta pelas ruas de Feira de Santana, como as portas de guarda-roupas e garrafas pets.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

“Esse é um trabalho que eu preenchi uma lacuna, porque os nossos museus e galerias não abrem aos finais de semana. Uma grande parte da população, a maior parte, não tem acesso a esse bem e esse projeto vem preencher essa lacuna. Porque você não vai até o museu, mas as obras de arte vão até você. Basicamente são portas de guarda-roupa. Em todo lugar a gente encontra uma porta de guarda-roupa jogada. Todo lugar que eu vou eu encontro uma porta, chego, pego, levo, e às vezes pago ao pessoal da carroça para levar e o dia a dia eu vou pintando. Comecei na frente da minha casa e espalhando as obras pela minha rua. Essa exposição já transitou pela Getúlio Vargas, Nóide Cerqueira, Feira X e está circulando pela cidade”, disse.

Pautada no livro do artista, Alpista de Estrelas, que será lançado em meados de março, as pinturas trazem textos do livro, travas e crônicas sobre situações cotidianas e acontece na Avenida Presidente Dutra até o dia 20 de janeiro. O artista retrata elementos marcantes. O homem do campo, a força espiritual estão presentes nas pinturas, além da pontos de Feira de Santana como viadutos e a Caixa D’água do Tomba.

“Apresento elementos do campo, a força e a resistência do homem do campo e do sertão e há o mandacaru de sangue que é uma espécie de protesto contra os índices de violência na cidade. Há também uma força maior que é o pássaro, um ser espiritual que representa a saída para os problemas com a fé, a religiosidade e a mística”, explica.

Foto: Luciano dos Anjos

Segundo Luciano dos Anjos, as cores fortes das pinturas e os elementos e frases de cada tela, fisgam a atenção das pessoas que passam pela avenida. Volta e meia alguém para, admira o trabalho do artista, tira uma foto e busca uma interpretação para cada mensagem. O artista relata que é uma grande satisfação ver o público interagindo com a sua arte e suas obras sendo acessíveis para milhares de pessoas.

Foto: Luciano dos Anjos

“É uma satisfação imensa. Eu vejo que o papel da arte está sendo cumprido. É a arte sensibilizando as pessoas. Os motoristas, os pedestres, o morador de rua, o vendedor ambulante, o viajante. A arte tem um papel social importantíssimo e precisa ser democratizada”, comenta.

Ricardo Ferreira, de 33 anos, é vendedor de água na Avenida Presidente Dutra há três meses. Desempregado, ele buscou vendar água mineral nas sinaleiras como uma alternativa de driblar a crise. Morador do distrito de Matinha, ele chega bem cedo ao local e nos últimos dias se surpreendeu com a exposição. Ele contou que muitas pessoas estão atraídas e curiosas para ver as telas e sempre que passa por cada pintura, comtempla, lê as frases e faz uma reflexão.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

“Achei muito bonito. Achei bem legal o trabalho do artista. Faz a gente refletir. Me sinto bem de trabalhar aqui e minha imaginação tem viajado nessas pinturas”, acrescenta.

Foto: Luciano dos Anjos

Todos os dias, no início da manhã e ao final da tarde, Luciano vai conferir se está tudo certo com as telas, conserta se alguma estiver fora do lugar e aperta as cordas das amarrações. As telas não são assinadas e o artista prefere manter o anominato. Para ele, as obras falam por si e sempre que pode ele fica pela praça conferindo a reação das pessoas. Nesse movimento ele vai trocando experiências, tem a oportunidade de conversar com muitas pessoas e fazer a amizades.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

No contexto, no dia a dia, entre o tempo e a pressa, a arte traz mais colorido e sensibilidade para Feira de Santana e mostra que no meio do asfalto, sob o sol quente, pode-se ter sob sombra da realeza das palmeiras, também nobreza em gestos e atitudes.

Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade

Após passar pela praça Jackson do Aumari, a exposição “Arte não é lixo”, passará pelas Avenidas Maria Quitéria e Fraga Maia.

Para conhecer mais sobre o trabalho do artista Luciano dos Anjos, acesse o Instagram: @seuludasartes e a o Facebook: https://www.facebook.com/luciano.dosanjos.56