Filme dirigido por George Clooney questiona estilo de vida americano

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Em uma cidade aparentemente perfeita, onde a promessa de prosperidade paira no ar e a vizinhança está sempre sorridente, vive um pai de família certinho que faz de tudo para manter o melhor do estilo de vida americano, o ‘american way of life’. Tudo vai bem, até que, certo dia, enfrenta uma invasão doméstica que termina em morte e acaba mostrando que realmente é capaz.

Protegido pelo “privilégio” de ser branco e acima de qualquer suspeita, esse pai de família sai tranquilamente ensanguentado pelas ruas e, a partir desse mote, o filme Suburbicon: Bem-Vindos ao Paraíso aborda a discriminação com suspense e humor sarcástico. Dirigido por George Clooney, o filme que estreia hoje nos cinemas é ambientado nos anos 1950 e conta no elenco com Matt Damon, Julianne Moore e Oscar Isaac (Star Wars: Os Últimos Jedi).

Com roteiro criado pelos irmãos Joel e Ethan Coen (Onde os Fracos Não Têm Vez/2007), Suburbicon mostra uma cidade habitada por brancos, anglo-saxões e protestantes que vivem uma realidade de conto de fadas. Pelo menos na aparência. Por trás da imagem perfeita, estão escondidos os conservadorismos, preconceitos e as violências que acabam sendo tensionadas com a chegada da primeira família negra na vizinhança (fato inspirado em caso da vida real).

Não fosse o fato de ter sido criado há mais de 30 anos, o roteiro de Suburbicon poderia ter sido inspirado no conservadorismo que tem ganhado corpo nos Estados Unidos, principalmente depois da eleição do presidente Donald Trump. “É incrível que o roteiro tenha sido escrito nos anos 1980”, disse surpreso o protagonista Matt Damon, durante o lançamento do filme no Festival de Veneza, em setembro.

O filme que critica o moralismo americano é o sexto longa-metragem realizado por Clooney desde que incorporou ao currículo de ator e produtor a função de diretor, com Confissões de Uma Mente Perigosa (2002). Declaradamente liberais, os amigos Clooney e Damon admitem que foram atropelados pela vitória de Donald Trump.

“Vendo o que se passa no país agora, é preciso falar de racismo. É hora de falarmos sobre privilégio branco. Temos no filme um sujeito branco matando pessoas e andando com a roupa cheia de sangue, e ninguém faz nada”, destacou Damon, em entrevista recente à Folha de S. Paulo, sobre seu personagem.

Fonte: Correio 24h