Aulas estão suspensas na Uefs devido a manifestação de estudantes

Laiane Cruz

As aulas na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) estão suspensas nesta quinta-feira (3), por conta da ocupação da instituição por estudantes desde a noite da última terça-feira (1º). Os manifestantes estão acampados no prédio da reitoria, e na manhã de hoje bloquearam o pórtico do campus, para impedir a entrada de outros estudantes e professores, que não aderiram ao movimento. As ocupações de escolas, institutos e universidades federais estão ocorrendo em todo o Brasil para protestar contra a aprovação da PEC 241, que congela durante os próximos vinte anos os gastos públicos, incluindo as despesas da educação.

Impedido de entrar na universidade na manhã desta terça-feira, o estudante do curso de Administração Almir dos Santos Junior disse que alguns estudantes são contra a ocupação do campus da Uefs, pois isso irá prejudicar o andamento do semestre letivo. “Nós somos contrários à paralisação no tema em que se propõe, pois ela prejudica apenas os estudantes, que estão em reta final de semestre. A forma como ela foi realizada, nós não consideramos legítima”, afirmou o estudante.

Valmir dos Santos informou que propôs a realização de uma assembleia às 20h de hoje, com a participação de todos os cursos, para debater e votar pela continuidade ou não do movimento. “Esse movimento tem que ser inclusivo, tem que ter diálogo. Não se trata de um movimento de direita, mas sim de alunos que querem encerrar o semestre. Não é necessário entrar em confronto”, disse.

O reitor da universidade, Evandro Nascimento, diz que a reitoria é solidária à manifestação dos estudantes e que irá mediar a situação com aqueles que não apoiam o movimento. Segundo ele, a aprovação da PEC 241, que agora está em discussão no senado como PEC 55, traz muitas preocupações, pois congela os gastos públicos durante vinte anos, incluindo a educação.

“No que diz respeito ao ensino superior, os gastos devem aumentar apenas de acordo com a inflação. Isso causa preocupação, porque esse critério não daria conta de suprir a manutenção sequer do que existe hoje. Então nós acreditamos que os estudantes Brasil afora estão exercendo um importante direito à cidadania, à participação na vida política do país”, afirmou Evandro Nascimento.

No que diz respeito à Uefs, o reitor afirma que tem acompanhado o movimento e que já conversou com os estudantes. De acordo com ele, os manifestantes não protocolaram ainda a pauta de reivindicações, mas manifestam a intenção de apresentar demandas internas também do atual quadro da universidade.

“Não protocolaram oficialmente essa pauta, mas nós estamos aguardando. Eu queria salientar que uma universidade pública tem como dever formar cidadãos, com esse pensamento crítico, e nesse sentido acreditamos que pensar no futuro do Brasil é um papel da universidade e dos estudantes. Em relação à PEC 241, a reitoria da universidade é solidária aos estudantes. Nós estamos aguardando a pauta protocolada. Uma parte dos estudantes concorda e outra não concorda. Os professores não estão em greve, e deveriam ter aula normalmente, mas por conta do fechamento não puderam dar aula”, acrescentou.

A mobilização de estudantes em Feira de Santana ocorre também no campus da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). A ocupação ocorre desde o dia 25 de outubro e também conta com o apoio de pessoas da comunidade, além de professores e servidores da universidade, que estão com as atividades paralisadas.

Por conta das ocupações, o Ministério da Educação adiou a aplicação das provas no campus Feira da Universidade do Recôncavo Baiano (UFRB) e do Instituto Federal de Educação do Estado da Bahia (Ifba Feira). As provas serão reaplicadas nos dias 3 e 4 de dezembro. Veja lista das escolas onde Enem foi adiado.

As informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.

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