Andrea Trindade
 
Funcionários da empresa de call center da Claro, Tel Telemática,  realizaram uma manifestação na manhã desta terça-feira (23) na unidadesituada no Largo do Marajó, em Feira de Santana.
 
Eles se reuniram na parte externa da empresa e reclamaram das condições de trabalho. De acordo com uma funcionária, que não quis ser identificada, foi implantado um sistema de registro de chegada e saída, que apresenta erros, não registrando a permanência do funcionário.
 

“Uma empresa com mais de 10 funcionários deve ter ponto eletrônico para constar a entrada e saída, mas aqui não tem. Antes os supervisores podiam fazer as correções do sistema manualmente, mas desde o dia 19 a empresa recebeu ordem de não fazer mais essa correção manual. Caso nossos supervisores continuassem fazendo esse reajusteeles seriam considerados ladrões, sendo que nós estamos sendo prejudicados com esses erros”, explicou.

A funcionária disse que um coordenador foi demitido injustamente porque se mostrou insatisfeito com a determinação“Temos metas a cumprir. Trabalhamos em um setor de retenção de controle, e temos que ter 75% de efetividade. Quando não batemos essa meta somos demitidos. Trabalhamos com pressão psicológica e assédio moral”, declarou a operadora de telemarketing.

Com receio perder o emprego outra funcionária da empresa também não quis ser identificada,  mas relatou sobre  como os operadores são tratados.
 
“Sou funcionária 8 meses e o que tenho vivido e presenciado na empresa é inaceitável. Começa com o atraso e não pagamento dos salários, troca semanal e deliberada, sem aviso prévio de horário dos funcionários, não pagamento de horas extras e feriados trabalhados e descontos indevidos injustificados na folha de pagamento, bem como o assédio moral sofrido todos os dias por parte dos supervisores, que também sofrem esse tipo de assédio por parte dos coordenadores. A empresa apresenta uma escala pedagógica de medidas disciplinares que vão desde advertências verbais até justa causa. O assédio moral parte justamente baseado nessa escala pedagógica, pois os supervisores seguem praticamente à risca a escala não deixando escapar qualquer deslize do operador. Somos controlados como máquinas”, declarou.
 
“Se quisermos ir ao banheiro temos que pedir com antecedência, e com muita antecedência, caso isso não seja feito somos constrangidos na frente dos outros operadores e tal "comportamento inadequado" ainda é passível de medida disciplinar. Ou seja, ficamos segurando as nossas necessidades fisiológicas até obtermos autorização. Por conta disso presenciei uma pessoa fazer suas necessidades na PA mesmo”, disse a operadora de telemarketing, explicando que PA é o posto de atendimento
 
A mesma funcionária expôs ainda outros problemas vividos, segundo ela, pelos funcionários:
“Quero também ressaltar que os próprios supervisores que agem como carrascos vêm sendo prejudicados com salários atrasados. Não estão recebendo o pagamento do valor total, sendo prometido o reembolso no mês seguinte.  Enfim, é uma situação degradante e constrangedora, causadora de muito stress para todas as partes. Pedimos, como humildes trabalhadores que a situação se regularize, que os órgãos competentes ajam, que nosso sindicato de fato nos represente para que possamos trabalhar em paz sem tantas atribulações e incertezas”, desabafou.
 

O Acorda Cidade entrou em contato com Gerente de Operações da Tel Telemática em Feira de Santana, Rodrigo Neri, que não pode falar porque estava numa reunião, mas informou que vai enviar uma nota de esclarecimento sobre determinação da operadora Claro.

Com informações e fotos do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.