Carnaval da Bahia
Filhos de Gandhy comemoram 70 anos de tradição com desfile no domingo de carnaval
A riqueza de detalhes da indumentária repleta de tradição e religiosidade de matriz africana movimenta a economia.
03/03/2019 às 21h01, Por Andrea Trindade
Acorda Cidade
As ruas do Pelourinho se transformaram num colossal tapete humano azul e branco, neste domingo (3), quando o afoxé Filhos de Gandhy, apoiado pelo Carnaval Ouro Negro, do Governo do Estado, partiu da frente da Casa de Jorge Amado em direção ao Campo Grande. Reunindo uma multidão de baianos e turistas sob a força da saudação 'ajayô', mais uma vez, a mensagem foi de paz.
O presidente do bloco, Gilsonei de Oliveira, fala sobre a história do afoxé. “Nos anos 40, após a morte do pacifista Mahatma Gandhi, pensou-se em fazer um bloco. Se juntou à afrodescendência baiana e há 70 anos vem mantendo essa tradição e essa cultura. Ser Filho de Gandhy é amor, é dedicação, é candomblé, é ideologia, é ter a paz no coração, é tudo o que tem de mais belo dentro dessa nossa Bahia”.
A imagem conhecida no mundo inteiro é uma identidade, segundo o segurança Reginaldo Caetano dos Santos, que há mais de 30 anos faz parte do afoxé. “Sou Gandhy o ano todo. Visto a camisa para ir para o trabalho todos os dias. É muito bom, é preciso amar essa entidade todos os dias, se dedicar, ter orgulho, ter amor”.
A riqueza de detalhes da indumentária repleta de tradição e religiosidade de matriz africana movimenta a economia. A costureira Raquel Fernandes confecciona os famosos turbantes há mais de 15 anos nas ruas do Pelourinho. “Eu faço isso pela tradição. A energia do Gandhy puxa a gente. E tem o trabalho. A gente trabalha três quatro, até oito dias aqui e ganha bem, reforça o orçamento”.
Ouro Negro
Segundo a secretária da Cultura, Arany Santana, o Ouro Negro, que apoia o Gandhy, está fazendo 12 anos e tem grande importância.
“As entidades, antes do programa, tinham sérias dificuldades para sair no Carnaval. Esses blocos estavam desaparecendo, como as escolas de samba que existiam e não existem mais, diversos afoxés já sumiram. E com o Ouro Negro, muitas entidades renasceram. São entidades que desenvolvem trabalhos ao longo do ano em suas comunidades, oficinas de profissionalização, indumentária, fabricação de instrumentos, promovem a alfabetização, cursos de línguas africanas, então essas entidades prestam serviços importantes ao longo do ano”.
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