Esporte
Crianças autistas melhoram comportamento a partir da prática do caratê
A iniciativa feirense de oferecer o tatame a estas crianças é uma das poucas em todo o país.
15/08/2018 às 18h46, Por Maylla Nunes
Acorda Cidade
Jaiane Jesus é mãe de Henrique Gabriel Jesus Pinheiro, cinco anos e há três diagnosticado com autismo, e Evanilda Souza Rosário, avó de Luan Henrique, há dois descoberto com o problema. Elas observaram mudança para melhor no comportamento das duas crianças desde que passaram a frequentar as aulas de caratê oferecidas pelo Projeto Família Azul.
A iniciativa feirense de oferecer o tatame a estas crianças é uma das poucas em todo o país. A disciplina imposta por esta arte marcial aos seus praticantes influencia na mudança de comportamento desta crianças. O contato físico é outro ponto que vem sendo superado por elas. Crianças com autismo não gostam muito de serem apertadas – nem pelos próprios pais.
Henrique Gabriel está mais receptivo às pessoas
A histórias das crianças autistas são parecidas entre si. “Antes, ele (Henrique Gabriel) era agressivo e não se socializava com as outras crianças”, conta a mãe do garoto. “A disciplina do caratê mudou o seu comportamento. Agora melhorou na escola, faz as tarefas de casa, coisa que antes não fazia e está mais receptivo às pessoas”, enumera a dona de casa. “É maravilhoso”, define a iniciativa.
Avó de Luan destaca calma e interatividade
Dona Evanilda Souza observou que com o caratê o neto, antes irritado, está mais calmo e está interagindo mais com as pessoas da família e da vizinhança. E ela credita a positiva mudança de comportamento à atividade esportiva. “Ele fica mais tranquilo e brinca mais com os amigos”. E durante as aulas, que duram em média duas horas, elas gastam muita energia no corre-corre.
Estão mais obedientes, diz professor
O professor Oldac Araújo (foto), da Shotokan JKS, por mais de 15 anos deu aulas para alunos portadores da Síndrome de Down, na APAE e agora está à frente deste projeto, vê avanços comportamentais nas crianças, principalmente na parte da obediência. “É difícil fazer eles pararem, mas a gente consegue”, diz, ao ver a criançada correndo de um lado para o outro sobre o tatame.
Diz saber que o processo de aprendizado de uma criança autista é mais demorado do que aquelas que não tem a doença. “Mas todos são inteligentes e, respeitando seus tempos, podem chegar longe no caratê”. Uma destas crianças vai mudar de faixa – vai passar da branca para a amarela – e se destaca no katá, que é uma luta imaginária.
O professor disse que o governo municipal abraçou o projeto do qual cerca de 30 crianças estão participando – a quantidade de vagas chega a 40. Mas existem problemas de descontinuidade, por motivos variados, que reduz o número de participantes. As aulas são realizadas no CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados) do Jardim Acácia.
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