Bahia

Desigualdade entre rendimentos de brancos e negros volta a aumentar na Bahia

Historicamente, os negros que trabalham recebem menos que os brancos, mas, no estado, considerando-se os terceiros trimestres de cada ano, essa desigualdade vinha caindo sistematicamente desde 2012.

20/11/2017 às 11h53, Por Andrea Trindade

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Com a crise no mercado de trabalho, a desigualdade entre os rendimentos dos brancos e dos negros (pretos + pardos) voltou a crescer na Bahia.

Historicamente, os negros que trabalham recebem menos que os brancos, mas, no estado, considerando-se os terceiros trimestres de cada ano, essa desigualdade vinha caindo sistematicamente desde 2012.

Naquele ano, os negros ganhavam em média o equivalente a 60,7% dos brancos (ou quase 40% menos), em 2015 essa diferença havia caído para 33% menos, e os negros chegaram a ganhar em média 67,1% dos rendimentos dos brancos.

Com a crise do mercado de trabalho, em 2016, a desigualdade voltou a crescer, depois de quatro anos, e o rendimento dos negros passou a ser, em média 34% menor que os dos brancos. A diferença continuou aumentando no terceiro trimestre de 2017, quando os negros que trabalhavam ganhavam, em média, 36,3% menos que os brancos, patamar bem próximo ao de 2013 (menos 36,5%).

Entre os negros, os que se declaram pretos são ainda mais afetados pela desigualdade no rendimento médio. Na Bahia, no 3º trimestre, enquanto os brancos que trabalhavam ganharam em média R$ 1.945, os pardos receberam R$ 1.263 (35,1% menos), e os pretos ganharam R$ 1.175 (quase 40% menos).

Em relação ao mesmo período de 2016, no estado, o rendimento médio geral teve leva aumento de 2,2%, entretanto, considerando-se apenas os brancos, o aumento foi maior (+4,5%), enquanto os pardos tiveram um aumento menor que a média (+1,7%), e o rendimento dos que se declaravam pretos seguiu em queda (-1,7%).

A Bahia é o quarto estado com maior percentual de população negra no país: 80,3%. Cerca de 12,3 milhões de baianos se declaram pretos ou pardos, numa população total de cerca de 15,3 milhões de pessoas. O líder é o Amapá (82,5%).

A dificuldade de inserção dessa população negra no mercado de trabalho é visível através dos indicadores de desocupação. Historicamente, a taxa de desocupação dos negros é superior à dos brancos em todos os estados brasileiros.

No terceiro trimestre de 2017, a taxa de desocupação geral na Bahia foi de 16,7%, mas ela era de 12,9% para os brancos e de 17,5% para os negros, ou seja, o desemprego era maior para os negros que para os brancos. E, quando se compara o terceiro trimestre deste ano com o terceiro trimestre de 2016, embora a taxa suba na média, de 15,9% para 16,7%, na verdade ela tem uma leve queda entre os brancos (de 13,1% para 12,9%) e aumentou mesmo para os negros (de 16,5% para 17,5%).

A Bahia teve no terceiro trimestre de 2017 a segunda maior taxa de desocupação do país (16,7%), atrás apenas de Pernambuco (17,9%). Esse ranking se manteve quando se consideram apenas os negros, embora em ambos os estados a desocupação seja maior entre os negros que a média. Entretanto, quando se olham apenas os brancos, a taxa de desocupação na Bahia (12,9%) cai para a sexta mais alta entre os estados e fica já bem próxima da taxa nacional (12,4%).

No estado, a participação dos negros entre as pessoas que estão procurando trabalho (desocupados) também é maior que na população em geral, embora essa diferença seja menor que a média nacional. No estado, enquanto representam 80,3% da população em geral, os negros são 85,2% dos que estão procurando trabalho. No país, esses percentuais são, respectivamente, de 55,3% e 63,7%. 

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