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Saúde e beleza

Elas não precisaram da beleza para serem amadas e admiradas. Eram simpáticas.

11/09/2017 às 09h48, Por Maylla Nunes

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A cirurgia plástica é um dos ramos da medicina mais em evidência. Surgiu como necessidade, sobretudo, diante de mutilações causadas por guerras, acidentes e queimaduras. Hoje, atua, principalmente, no cultivo da vaidade humana. 

NA LITERATURA e no folclore brasileiros ficou conhecida a posição de Vinícius de Morais, o criador da “Garota de Ipanema”. Uma frase sua fez furor: “Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”. Hoje, sobretudo, beleza e juventude são idolatradas. E a grande angústia é que nem uma, nem outra, é definitiva. O tempo é um algoz implacável.

A SOCIEDADE, hoje, diviniza o corpo. E isto, em princípio, é saudável. Saúde, beleza e simpatia são valores e devem ser cultivados. No entanto, existe enorme diferença entre beleza e simpatia. Existe enorme diferença entre um corpo tratado e um corpo produzido, com excesso de malhação, com regimes prejudiciais à saúde ou com cirurgia plásticas. Por vezes, é uma ilusão porque o bisturi pode dar um jeito no corpo, mas não consegue reparar a alma.

ANADYR Rodrigues chegou a desabafar: “Tenho direito de ser feia!”. O que ninguém tem o direito é de ser antipático. A beleza é um valor, mas não o supremo valor. O próprio Evangelho lembra a obrigação de amar a si mesmo. Isto significa aceitar-se, gostar de si mesmo, valorizar-se. Há valores que devem vir em primeiro lugar.

NA HISTÓRIA da família real inglesa ficou célebre a atitude do rei Eduardo VIII, que renunciou ao trono para casar com a plebéia norte-americana Wallis Simpson. Ela não foi nenhum padrão de beleza clássica, mas teve um poder de sedução que levou seu amado a trocar o trono da Inglaterra por seu amor. Ninguém dirá, hoje, que a irmã Dulce e Tereza de Calcutá foram mulheres belas. Foram muito mais que belas, foram fascinantes. Elas não precisaram da beleza para serem amadas e admiradas. Eram simpáticas.

BELEZA física, saúde e simpatia, são valores. Não os únicos. Um dia Brigitte Bardot disse: “A gente passa cinqüenta anos cuidando do corpo e, de repente, ele apodrece”. O que dá significado a uma vida é a capacidade de servir e de fazer felizes os outros. É a capacidade de continuar jovem, mesmo aos oitenta anos. É a capacidade de manter o entusiasmo e proclamar que vale a pena viver imitando Jesus Cristo que passou a sua vida fazendo o bem a todos.

Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]

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