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PM instaura inquérito para apurar invasão de policiais em terreiro

Pai de santo disse que PMs chegaram a apontar fuzil para ele e acusa intolerância religiosa. Danos materiais serão reparados, diz SSP

19/08/2017 às 07h15, Por Kaio Vinícius

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A Polícia Militar decidiu instaurar um procedimento administrativo para apurar a conduta dos policiais envolvidos na invasão ao terreiro Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe, um dos mais tradicionais do país, na Rua Direta do Curuzu, bairro da Liberdade. A decisão aconteceu depois de duas horas e meia de uma reunião, que incluiu representantes da polícia e do próprio terreiro, na manhã de sexta-feira (18).

“Daremos início a uma investigação com um procedimento administrativo e caberá ao comandante-geral dar o parecer final”, declarou o coronel Valter Menezes, comandante do Policiamento Regional da Baía de Todos-os-Santos (BTS), um dos integrantes da comissão.

A invasão ao terreiro aconteceu durante uma ocupação da Polícia Militar no bairro, através da Companhia Tática de Patrulhamento Móvel (Patamo) e da 37ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Liberdade), na quinta-feira (17).

Segundo o doté (pai de santo) Amilton Costa, sacerdote do templo há mais de 30 anos, três PMs arrombaram uma das portas do terreiro e acessaram a parte sagrada da casa, onde ficam recolhidos os filhos de santo que estão em obrigação religiosa. “Eles (policiais) não são meros indivíduos. Eles representam o Estado, que ao mesmo tempo tem instituições voltadas para proteger as religiões de matriz africana. É contraditório”, declarou o pai de santo durante relato à comissão, por volta das 10h30.

Desculpas
Logo após, o comandante da 37ª CIMP, major Edmilton Reis, declarou que a operação foi planejada. Ele pediu desculpas e explicou que os policiais estavam em perseguição a dois criminosos que faziam parte de um grupo que atirou contra duas guarnições. “Tivemos a informação de que dois marginais tinham corrido em direção ao terreiro. Encontraram indícios”, justificou.

O major Reis também reconheceu a perseguição sofrida pelos adeptos do candomblé. “Historicamente, sabemos que a PM foi usada para reprimir o candomblé, mas hoje é diferente. (A invasão) Foi uma decorrência da ação de ontem”, afirmou.

Reparos
De acordo com o major Paulo Peixoto, da Superintendência de Prevenção à Violência da Secretaria da Segurança Pública (SSP), os danos causados pelos policiais serão reparados. “Faremos o conserto do patrimônio e a atitude dos policiais não é a orientação da secretaria. Tudo será apurado”, garantiu.

A diretora de patrimônio da Fundação Gregório de Matos (FGM), Milena Tavares, disse que as providências serão cobradas.

Já Walmir França, coordenador do Centro de Referência de Combate ao Racimo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, da Sepromi (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial), afirmou que outros órgãos também acompanharão a apuração da incursão policial não autorizada. “A secretaria vai notificar o Ministério Público Estadual (MPE) e a Defensoria Pública para acompanhar a investigação”, declarou.

Fonte: Correio 24h 

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