Feira de Santana
Dupla que matou homem com cerca de 100 golpes de tesoura é condenada a mais de 23 anos de prisão
Ambos cumprirão pena no Conjunto Penal de Feira de Santana em regime fechado.
14/07/2017 às 07h31, Por Andrea Trindade
Andrea Trindade
Os autores de um crime brutal em Feira de Santana, ocorrido no ano passado, cumprirão mais de 23 anos de prisão, cada um. A vítima, Edmilson de Jesus Alves, 39 anos, foi assassinada com cerca de 100 golpes de tesoura e teve o corpo ocultado em uma cova rasa, aberta em um matagal, no bairro São João. O corpo foi encontrado já em estado de putrefação, no dia 1º de fevereiro de 2016, por policiais civis. O local foi informado por um dos autores, Thiago Santos Gomes, o “Zoi”. A tortura e assassinato da vítima foram filmados e o vídeo foi enviado para a família e compartilhado em redes sociais.
Fotos: Aldo Matos/Acorda Cidade
Zoi foi julgado no fórum Desembargador Felinto Bastos ontem (13) e foi condenado pelos crimes de homicídio, ocultação de cadáver e associação criminosa, a 23 anos e 80 dias de prisão. A pena foi aplicada pela juíza Márcia Simões Costa. Pelos mesmos crimes, o outro autor, Antônio Carlos Machado dos Santos, o “Júnior Pato”, foi condenado a 23 anos e 6 meses de reclusão. Ambos aguardaram o julgamento presos.
Os dois cumprirão pena no Conjunto Penal de Feira de Santana em regime fechado. O julgamento contou com um forte esquema de segurança, uma vez que os réus pertencem a uma facção criminosa. Policiais militares usaram detectores de metais por determinação da juíza.
Fotos: Aldo Matos/Acorda Cidade
Durante o júri foi exibido o vídeo feito pelos autores enquanto matavam o ex-presidiário. Para a promotora de justiça, Semiana Silva Cardoso, os rostos dos réus não apareciam nas imagens, mas as cenas chocantes foram decisivas para a aplicação da pena.
“Certamente o Conselho de Sentença considerou o vídeo. É muito chocante, traz cenas que causam muito impacto, e às vezes temos que usar esses recursos para influenciar na decisão do julgamento. A defensora tentou provar para o conselho de sentença que não tinha a identificação dos acusados do crime, por não aparecer o rosto, mas havia outras provas”, declarou a promotora que considerou a pena justa.
“Foi um crime grave e uma pena mais elevada para este caso é extremamente necessário para coibir e prevenir que crimes desta natureza voltem a ser praticados. A certeza de que poderão ser condenados pode fazer com que esse efeito realmente ocorra”, concluiu.
A defensora pública Danielle Fonseca considerou a pena alta e vai recorrer para que a mesma seja reduzida. Ela também concorda que o vídeo exibido no júri influenciou diretamente na aplicação de uma pena elevada.
“Vou recorrer porque a pena ficou um pouco acima do que deveria, vamos ver se a gente consegue diminuir para menos em 20 anos. O vídeo foi o fator principal para ter ocorrido a condenação e foi difícil convencer os jurados. Apesar de o vídeo não mostrar o rosto de quem fez, e de os meus assistidos negarem que estivessem no vídeo, as cenas eram muito fortes. O crime cometido foi muito grave e a visão do crime sendo praticado choca muito. Ainda consegui convencer no mínimo dois porque a votação dos quesitos sempre ficavam no 4 a 2. O sétimo voto não chegava a ser aberto porque com quatro votos a juíza suspende a abertura das demais cédulas”, explicou.
O crime
O assassinato foi filmado e o vídeo foi compartilhado em vários grupos de WhatsApp. Através das investigações, a polícia conseguiu chegar aos autores. No total, quatro pessoas praticaram o crime.
Na época, o coordenador regional de polícia, João Rodrigo Uzzum, disse que em depoimento que os autores informaram que estavam sendo ameaçados de morte pela vítima e alegam legítima defesa. O delegado Jean Souza, titular da Delegacia de Homicídios, informou que a vítima foi torturada viva.
“É como se eles estivessem tentando arrancar a cabeça da vítima com tesouradas, a vítima estava viva no momento em que estava recebendo os golpes de tesoura. Eles apedrejaram e deformaram o rosto da vítima. Pela distância, eles tiveram dificuldades de levar o corpo do local onde foi praticado o crime até onde o corpo foi enterrado. Acredito que tenham usado animais para conduzir o corpo, uma vez que percebemos a presença de muitos cavalos por aqui. 'Zoi' informou quem participou do crime, além dele, e conseguimos elucidar mais este crime bárbaro na cidade de Feira de Santana”, informou o delegado Jean.
Fotos/Arquivo: Aldo Matos/Acorda Cidade
Uma equipe do Corpo de Bombeiros esteve no local para remover o corpo juntamente com peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT), policiais civis e militares.
Vítima Edmilson de Jesus, ex-presidiário
Com informações e fotos do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade
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