Comportamento

Série '13 Reasons Why' e o desafio da Baleia Azul levantam discussão sobre depressão e suicídio na adolescência

Debater esses temas pode ajudar pais a identificarem comportamentos suspeitos e, sobretudo, a saberem como ajudar os jovens, diz psicanalista

25/04/2017 às 14h26, Por Kaio Vinícius

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Enquanto o mundo acompanha atônito o mórbido desafio da Baleia Azul (em inglês, Blue Whale), jogo que induz crianças e adolescentes à automutilação e ao suicídio por meio das redes sociais; a série “13 Reasons Why”, da Netflix, faz grande sucesso no Brasil e no exterior com tema similar. Tratam-se de realidade e ficção, respectivamente, trazendo à cena assuntos que precisam estar na pauta da opinião pública e, sobretudo, dos pais, os principais responsáveis pelo bem-estar desses jovens.

Para a psicanalista Anna Luisa Brant de Carvalho, que lida com questões como ansiedade, depressão e autoestima há mais de 15 anos, inclusive realizando atendimento psicológico por vídeo-consultas na plataforma online Zenklub, a série “13 Reasons Why” nos aproxima desse cenário trágico e colabora para uma conscientização maior sobre a seriedade do problema. “A adolescência é um período de transição entre a infância e a vida adulta e, como todo período de transição, traz muitas incertezas, dúvidas, inseguranças”, explica ela, ressaltando que esses traumas nem sempre são visíveis.

No caso da série exibida na Netflix, que é baseada no livro “Os 13 Porquês”, de Jay Asher, demoraram duas semanas para todos saberem o que de fato se passava com a adolescente Hannah Baker (Katherine Langford). Ela tirou a própria vida, mas fez questão de explicar em 13 fitas cassetes os motivos de ter entregado os pontos. “Os transtornos psíquicos (como a depressão) nem sempre são óbvios, seja para a própria pessoa ou para aquelas que convivem com a mesma”, enfatiza a Dra. Anna Luisa.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é comum encontrar tendências a desordens mentais entre pessoas na faixa dos 10 aos 19 anos. De acordo com a mesma fonte, 80% dos casos de depressão entre adultos começam a se manifestar na adolescência. Perda de interesse, diminuição de energia (cansaço), inquietação e irritabilidade, falta de apetite (alteração no peso) e pensamentos de morte são alguns dos pontos levantados pela psicanalista que merecem atenção.

“Coisas de adolescentes” nem sempre são só “coisas de adolescentes”

É muito difícil para um pai admitir que a depressão chegou em sua casa. Por isso, a primeira reação ao se deparar com comportamentos suspeitos é tratar tudo como algo sem importância, inerente a qualquer adolescente. “É normal que haja uma certa tristeza na adolescência, uma sensação de desânimo, pois muitas são as mudanças e os novos desafios. No entanto, chega um momento em que o desânimo assume as características debilitantes da depressão”, esclarece a Dra. Anna Luisa.

Indo mais além, a psicanalista destaca características que podem indicar que o adolescente deprimido, não raro, se sente oprimido por culpa, desamparo e rejeição. Para ela, é válido identificar pontos como tristeza intensa; perda de interesse pela escola, por atividades de lazer e pelo ambiente em geral; facilidade para irritar-se ou agitar-se; sentimento de inferioridade, inutilidade, desamparo ou culpa; retraimento social; pessimismo; dificuldade de concentração e incapacidade de apreciar situações boas.

Como todos os assuntos que envolvem saúde física e mental, entretanto, a melhor forma de ajudar é recorrer a um profissional especializado. Neste caso, psicólogo, psicanalista e/ou psiquiatra. Além de receber pacientes no consultório privado, a Dra. Anna Luisa Brant de Carvalho também atende por meio da plataforma online Zenklub, que, desde 2016, possibilita que interessados realizem sessões por vídeo-consulta. Essa pode ser a porta de entrada para o tratamento de adolescentes, afinal, eles precisam se sentir confortáveis para compartilhar seus traumas e angústias.

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