Educação

Professoras contestam declaração de José Ronaldo sobre média salarial de R$ 6 mil

Categoria diz que greve busca valorizar os professores.

28/03/2017 às 15h14, Por Rachel Pinto

Compartilhe essa notícia

Rachel Pinto

Em resposta às declarações dadas pelo prefeito José Ronaldo sobre o salário dos professores da rede municipal que chega a uma média de 6 mil reais e sobre as demandas da categoria que o governo municipal não está atendendo, quatro professoras, em entrevista ao Acorda Cidade, contestaram as afirmações do prefeito, apresentaram seus respectivos contracheques e defenderam que o movimento grevista é pela busca de direitos e também pela valorização dos professores.

Foto: Orisa Gomes/Acorda Cidade

Segundo a professora Ligiane Silva, o objetivo dos professores não é confrontar o governo. Ela relatou que a categoria quer que o governo pense com afinco a pauta da greve e pense nas questões da categoria como o enquadramento e a regência de classe.

“Já que o prefeito disse ontem que tem tanto carinho pela categoria, esperamos que ele pense com carinho nas nossas questões. Essa é a nossa solicitação. A gente não está brigando só por aumento até porque o aumento, tem o piso que nos resguarda, que todo mundo tem conhecimento e já é garantido por lei. A gente vem solicitando com a greve é que esses professores que entraram em 2013 possam ser enquadrados e é um direito nosso sermos enquadrados. Além disso, no nosso contracheque temos como vencimento total e vantagens o valor de R$ 2.277. A declaração do prefeito é que ganhamos em média 6 mil reais.Nós mostramos o contracheque . Eu acho complicado o prefeito dizer que não tem ninguém que não ganhe, porque quando você diz que não tem ninguém, você está dando garantia de que todos recebem”, declarou.

Enquadramento

Sobre o enquadramento da categoria, a professora Gilza Rita da Silva explicou que muitos professores que prestam concurso começam a trabalhar com 20 horas semanais e que a carga horária acaba sendo ampliada para 40 horas devido à necessidade do município de ter professores em salas de aula. Ela informou que 20 horas semanais são horas extras e, como são extras, os professores ficam sem ter alguns direitos como as férias. Essas horas extras os professores normalmente recebem com atraso e a reivindicação da categoria é que o enquadramento possa organizar o pagamento referente a essas horas.

Foto: Orisa Gomes/Acorda Cidade

“Na verdade quando a gente presta o concurso na prefeitura a gente presta para 20h. Como há necessidade de muitos professores, então o que é que acontece é que esses professores com 20 horas acabam pegando 40 horas. Como nós fizemos o concurso para 20h, as outras 20h são extras. Sendo extras, a gente fica sem alguns direitos como férias. Agora mesmo, a gente não recebeu essas outras 20h, a gente só recebeu até dezembro e então nós temos janeiro, fevereiro e março sem receber”, disse.

A professora Jaqueline Silva confirmou os benefícios do enquadramento para a categoria. Segundo ela, com o enquadramento tudo fica no contracheque e assim os professores passam a ter uma garantia maior.

Foto: Orisa Gomes/Acorda Cidade

“Dá uma maior segurança. A maioria dos professores é especialista e assim estamos sempre em sala de aula para cuidar da educação das crianças”, acrescentou.

Rita de Cássia Pires, que também é professora, afirmou que entrou para rede municipal de ensino em 2008 e que conseguiu o enquadramento após cumprir o estágio probatório. Ela relatou que na época não precisou brigar, nem que o prefeito fizesse reuniões com a categoria. Ela pontuou que os professores que são enquadrados vivem a angústia dos colegas que não são e percebem a insegurança dos colegas.

Foto: Orisa Gomes/Acorda Cidade

“Eu vejo as colegas nessa dificuldade desde o ano passado. Eu como já sou enquadrada, estou aqui falando por ser colega de quem está nessa dificuldade. Eu percebo que as meninas ficam inseguras. A escola de certa forma fica na insegurança. Porque se o prefeito resolver vetar aí a escola perde dois professores efetivos, com experiência, que já estão naquele espaço”, pontuou.

A professora disse ainda que a preocupação com os estagiários em sala de aula é em relação a forma como eles estão presentes na sala de aula. De acordo com ela, muitos estagiários jovens ainda nos primeiros semestres estão ocupando vagas de professores efetivos.

“Eu ensino numa série mais avançada, e a colega Jaqueline ensina em uma turma de educação infantil. Eu sei que os alunos que virão de Jaqueline virão com os conhecimentos garantidos porque eu a conheço, sei que ela tem experiência. Mas, se ela ensina em uma turma e na outra há alguém inexperiente aí quando esses alunos chegarem na minha turma eu já sei que virá uma turma que eu não sei como vai estar. A gente se preocupa com essa situação”, salientou.

A professora Gilza acrescentou ainda que em nenhum momento os professores efetivos estão desmerecendo ou desvalorizando os estagiários.

“Jamais menosprezamos os estagiários. Muito pelo contrário, a gente sabe da necessidade deles estarem na escola e muitos deles contribuem também com a educação de qualidade. Só que a gente não pode deixar de falar da necessidade desses estagiários terem uma formação. Um estagiário que ingressa em uma sala de aula como regente, que assume a sala de aula sozinho, sem auxílio de um professor, é preocupante. Têm estagiários que assumem em primeiro, segundo e terceiro semestre. Isso interfere sim na qualidade da educação. Não que eles não sejam capazes. Têm capacidades, mas precisam de uma formação. Nós que estamos assumindo uma sala de aula, nós passamos quatro anos em uma universidade estudando. Temos a maioria dos professores com especialização e a gente precisa valorizar. Porque quando se coloca essa situação de um professor que não tem uma formação nós estamos consequentemente desvalorizando a educação e depois quando chega lá no final há consequências nos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)”, finalizou.

Compartilhe essa notícia

Categorias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Notícias

image

Rádio acorda cidade