Política
Padilha diz que ministro da Saúde foi escolhido em troca de votos no Congresso
Em palestra na Caixa Econômica Federal, ministro da Casa Civil contou que o titular da Saúde, Ricardo Barros, do PP, foi nomeado em troca de apoio integral do partido ao governo. “Nosso objetivo era chegar aos 88% de apoio no Congresso”
14/02/2017 às 10h06, Por Maylla Nunes
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, admitiu, em palestra na Caixa Econômica Federal, que o presidente Michel Temer escolhe seus auxiliares com base no número de que votos que ele pode lhe garantir no Congresso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Padilha citou, como exemplo, como foi o processo de nomeação do deputado Ricardo Barros (PP-PR) como ministro da Saúde, mesmo sem ter qualquer afinidade ou histórico com a área. O ministro relatou o que disse ao PP ao entregar a pasta ao partido: “A Saúde é de vocês, mas gostaríamos de ter um notável”. A legenda, segundo ele, respondeu da seguinte maneira: “Diz para o presidente que nosso notável é o deputado Ricardo Barros”. “Vocês garantem todos os votos do partido nas votações?”. “Garantimos”. “Então o Ricardo será o notável.” O diálogo foi divulgado pela Coluna Estadão, assinada pelos jornalistas Andreza Matais e Marcelo de Moraes. Padilha não demonstrou preocupação com as críticas dirigidas ao ministro da Saúde. Para ele, o mais importante foi conquistado pelo governo.
“Nosso objetivo era chegar aos 88% de apoio no Congresso. Não há na história do Brasil um governo que tenha conseguido 88% do Congresso. Isso Vargas não teve, JK não teve, FHC não teve, Lula não teve, só nós que conseguimos”, afirmou. Reportagem publicada na semana passada pela Folha de S.Paulo mostrou que Ricardo Barros adquiriu, em 2014, metade de um terreno de R$ 56 milhões em Marialva (PR), embora tenha patrimônio declarado de R$ 1,8 milhão. O ministro disse ao jornal que fez um empréstimo de R$ 13 milhões de seu sócio na transação, uma empresa do setor imobiliário, para bancar o negócio. Na ocasião, ele era secretário de Indústria e Comércio do Paraná. O Congresso em Foco procurou as assessorias dos ministros da Casa Civil e da Saúde para comentar as declarações. Mas não houve retorno até o momento. (Congresso em Foco)
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