Feira de Santana

Pastor Pedro e ex-vereador são indiciados por compra de votos

Além dos dois candidatos, a Polícia Federal investiga outros tipos de crimes e outras pessoas que estiveram envolvidas com a compra de votos com a finalidade de se elegerem no pleito de 2016.

14/02/2017 às 09h40, Por Rachel Pinto

Compartilhe essa notícia

Rachel Pinto

A Polícia Federal deflagrou, no dia 30 de setembro de 2016, a Operação Simão, para coibir crimes eleitorais. Foram conduzidos para prestar esclarecimentos o candidato a vereador pastor Pedro (PSC), da Igreja Quadrangular e o vereador candidato à reeleição Wellington Andrade (PSDB).

Já se passaram quase cinco meses e o delegado da Polícia Federal Fábio Marques explicou em entrevista ao Acorda Cidade o que já foi apurado. De acordo com ele, o material apreendido foi analisado, assim como os documentos e celulares das pessoas investigadas. Ele informou ainda que a análise obtida durante a investigação é muito robusta, razão pela qual os dois candidatos investigados foram indiciados por compra de votos. Além disso, o inquérito foi concluído e encaminhado ao Ministério Público Eleitoral.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade 

“A polícia vai se aprofundar nas investigações em decorrência do que foi descoberto com a análise do material apreendido. A investigação começou com uma denúncia sobre o pastor Pedro, de que ele estaria fazendo uma lista de fiéis da sua igreja, onde era oferecida uma bênção em troca do voto. Isso foi fartamente comprovado durante as investigações na igreja, associação que ele comanda e, em sua casa, foram identificadas essas listas. Durante o período curto de investigação descobriu-se também que a compra de votos era praticada de diversas formas. Foi aí que entrou o envolvimento do outro candidato também investigado, quando em uma das ligações interceptadas foi oferecido um lote de 400 votos. Houve então a confirmação dos demais elementos da investigação”, revelou o delegado da Polícia Federal.

Fábio Marques explicou que com o monitoramento e a vigilância dos autos, na casa do outro candidato, Wellington Andrade, foi encontrado um documento que comprova a prática de compra de votos. Ele descreveu que o documento tratava-se do comprometimento de uma liderança política nas eleições, afirmando uma determinada quantidade de votos em uma região. Caso esse fato não se concretizasse o dinheiro seria devolvido. A defesa do candidato, no entanto, diz que tal documento refere-se à eleição anterior.

“A polícia vai fazer uma perícia nesse documento. Uma perícia de recenticidade. Porque é um documento novo e a gente entende que esse documento é sim dessa eleição”, acrescentou Fábio Marques.

Investigações

Além dos dois candidatos, a Polícia Federal investiga outros tipos de crimes e outras pessoas que estiveram envolvidas com a compra de votos com a finalidade de se elegerem no pleito de 2016. Fábio Marques observou que aparelhos de telefones foram apreendidos e houve interceptação telefônica com ordem do juiz eleitoral. Durante a deflagração da operação os aparelhos apreendidos foram analisados e segundo ele, os que identificaram um conteúdo que poderia auxiliar na investigação foram encaminhados para a perícia para extração de todo o conteúdo. Já os telefones nos quais não foram identificados quaisquer tipos de delitos foram devolvidos aos investigados.

Ação do Ministério Público

O promotor de Justiça Audo Rodrigues falou da ação eleitoral contra Wellington Andrade e o pastor Pedro. Ele afirmou que a investigação principal foi feita a partir de uma requisição do Ministério Público, do fato que tratava-se da captação ilícita de sufrágio: a compra de votos. Foi concluído o inquérito policial e dessa conclusão do inquérito policial inicialmente, o Ministério Público desde o final do ano passado até antes da diplomação dos candidatos eleitos ingressou com uma ação de natureza eleitoral em face dos dois principais envolvidos: o pastor Pedro e Wellington Andrade.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade 

“Uma ação de natureza eleitoral foi proposta com o fim de solicitar ao poder judiciário eleitoral a aplicação das sanções quais sejam de inegilibidade desses candidatos pelos oito anos seguintes, a aplicação de multa também e a cassação do registro deles daquela eleição. Essa ação foi de natureza eleitoral, já foi proposta no período bem próximo a diplomação dos candidatos e eu não sei como está o andamento, se eles já foram notificados ou não como determina a legislação. Eles terão direito de resposta, vão contestar os fatos, contratar os advogados e o poder judiciário vai analisar essas sanções de natureza eleitoral”, acrescentou.

O promotor salientou que o inquérito policial está retornando para a Polícia Federal e que o fato do sufrágio de votos tem uma natureza penal e demanda uma punição criminal. A lei prevê uma pena de até quatro anos de detenção para as pessoas que compram, oferecem ou prometem vantagem sobre a prática de compra de votos.

“Da forma como a situação foi inicialmente apurada nos parece que não só esse crime seria observado. Existem outras figuras criminais que estão sendo observadas e principalmente a participação de outras pessoas que estavam junto e tinham completamente ciência do fato, das condutas que estavam sendo feitas e que também demandam que sejam apuradas a responsabilidade de cada uma para que no âmbito da justiça criminal essas pessoas que participaram também sejam devidamente punidas no âmbito da justiça”, acrescentou.

O promotor observou que o processo corre em segredo de justiça, que existem provas que foram produzidas a nível de interceptações telefônicas que não podem ser divulgadas em virtude de preservar o sigilo das pessoas envolvidas.

“Haverá uma apuração, o que pode demandar um tempo. Para que não haja dúvida acerca da seriedade e sobretudo da responsabilidade de cada um daqueles envolvidos em uma situação de natureza criminal no âmbito das eleições de Feira de Santana. A partir da nova apuração do cumprimento das diligências, o Ministério Público ingressa com uma denúncia criminal e que desta denúncia criminal será pedido ao poder judiciário a aplicação das sanções de natureza criminal a todos os envolvidos no episódio”, conclui.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.

 

Leia também: Candidatos suspeitos de comprar votos prestam depoimento na Polícia Federal
 

Compartilhe essa notícia

Categorias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Notícias

image

Rádio acorda cidade