Feira de Santana

Falta de água: gerente diz que Embasa opera no limite da sua capacidade em Feira de Santana

Alguns moradores reclamam de estarem mais de um mês sem água encanada.

02/02/2017 às 06h47, Por Andrea Trindade

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Laiane Cruz

Há vários dias as reclamações sobre a falta de água são constantes, especialmente nos distritos de Feira de Santana. Alguns moradores reclamam de estarem mais de um mês sem água encanada. A gerente da Empresa Baiana de Saneamento e Águas (Embasa), Taís Dias, concedeu uma entrevista ao Acorda Cidade, para falar sobre o assunto.

Acorda Cidade – Porque vem ocorrendo essa falta de água constante em nossa cidade?

Taís Dias – O nosso sistema já opera no limite da sua capacidade, de forma ininterrupta com sua vazão máxima. E a gente já oferta, para Feira e outros cinco municípios que também são atendidos pelo nosso sistema integrado, a vazão máxima que a gente pode produzir na nossa estação de tratamento. Alguns problemas de abastecimento que tem acontecido em alguns pontos da nossa cidade tem duas causas: a primeira delas é o crescimento que se deu no município de Feira ao longo dos últimos 10 a 15 anos, pela expansão imobiliária, principalmente do programa Minha Casa, Minha Vida e dos empreendimentos particulares. Apenas no ano passado, a Embasa agregou ao seu sistema mais de dez mil novas ligações. Então o nosso sistema não conseguiu acompanhar esse crescimento e hoje se encontra no limite. A outra causa que devemos destacar é o período atual que nós estamos vivendo, que o intenso verão e a elevação das temperaturas, e a população muda seus hábitos e gasta um pouco mais de água para amenizar os efeitos do calor intenso. A gente tem registrado um aumento de cerca de 30% no consumo dos nossos usuários e as nossas redes ficam despressurizadas. E temos dificuldade de abastecer alguns pontos da cidade, que são os mais altos e os mais distantes, especialmente na zona rural pela distância do nosso centro produtor. Por isso é importante que a população coloque reservatórios em suas residências para que no período da noite ela possa armazenar água e usar durante o dia.

Acorda Cidade – Quais são os pontos mais altos de Feira de Santana?

Taís Dias – O Jardim Cruzeiro é um dos pontos mais altos e a gente tem dificuldade de abastecer. E a zona rural de Feira, mas notadamente o distrito de Maria Quitéria.

Acorda Cidade – Hoje qual é a vazão da Embasa, saindo de Conceição da Feira para cá?

Taís Dias – O nosso sistema hoje tem capacidade de produzir em média 1.350 litros por segundo.

Acorda Cidade – E a nossa necessidade seria de quanto hoje para abastecer bem a cidade?

Taís Dias – Hoje para abastecer bem a cidade, sem intermitências e sem manobras, a gente precisaria de uma vazão entre 1.900 e 2 mil litros por segundo.

Acorda Cidade – Mas a rede é que não suporta ou é um conjunto de fatores?

Taís Dias – Um conjunto de fatores. Não só a nossa rede, mas a adutora principal, que além de estar no limite de sua capacidade de escoamento, já tem anos de implantação, e precisa ser reabilitada. Dentro de quatro meses vamos conseguir ampliar para 1.500 litros com a troca de alguns equipamentos na nossa estação de bombeamento principal. Esse é apenas um dos investimentos que a Embasa vai realizar. Outro investimento importantíssimo que vai beneficiar a zona rural de Feira de Santana é a duplicação da adutora que abastece essa região, que fica entre as elevatórias 3, na Cidade Nova, e 4 que fica no entroncamento de tanquinho. A gente tem uma tubulação ali de 250 milímetros e vamos duplicar botando uma tubulação de 400 milímetros e resolvendo o problema da zona rural. A gente está iniciando o processo licitatório, porque somos uma empresa de economia mista e precisamos cumprir alguns rituais. Vamos licitar essa obra, e é previsto que seja em março.

Acorda Cidade – No caso de bairros que são baixos, como o Feira X, Jardim Acácia e mesmo assim falta água. Qual a justificativa?

Taís Dias – Como o sistema está no limite da sua capacidade, precisamos para abastecer toda a população utilizar a manobra, que é a alternância de abastecimento entre as localidades. Então inevitavelmente, apesar de topograficamente, alguns bairros serem favoráveis ao abastecimento, a gente tem feito essa alternância para nos ajudar a abastecer os pontos críticos da cidade. Por isso a gente pede a parceria da população, primeiro na questão adoção dos reservatórios domiciliares, depois no uso correto e racional da água, evitando desperdícios e também nos ajudar na denúncia de ligações clandestinas, que também é um dos problemas grandes na cidade de Feira de Santana. Somente no ano passado, nós já encontramos mais de 1.200 ligações clandestinas em nosso município. A existência dessas ligações clandestinas, além de se configurar como furto de água, e por essa razão ser considerado crime, ela prejudica bastante o abastecimento, podendo até contaminar a nossa água, porque a população não tem capacitação para executar ligação em nossas cidades. Além disso, com a ligação clandestina, por não pagar por essa água, o consumidor tem o hábito de desperdiçar e isso também prejudica bastante o abastecimento.

Acorda Cidade – O que justifica o distrito de Jaíba estar há dois meses sem água, e o povoado de Tanquinho, Maria Quitéria e Tiquaruçu há 24 dias?

Taís Dias – Essa é uma região que a gente tem muita dificuldade de abastecimento. O que estamos fazendo para minimizar essa questão é a adoção do carro-pipa. Nós estamos com um cronograma semanal de envio de carros-pipa a essas localidades e nós contamos com a ajuda fundamental dos representantes de associação na distribuição desses carros porque a gente deposita essa água na maioria das vezes em tanques comunitários para que a logística seja melhor e mais rápida e nossas equipes estão em campo verificando essas situações e adotando medidas de curtíssimo prazo para ajudar a pressurizar esses locais. No caso de Jaíba, ontem nós fizemos uma manutenção numa rede que alimenta um equipamento de bombeamento que ajuda a pressurizar essa rede para chegar em Jaíba e acredito dentre hoje e manhã essa situação deve estar resolvida.

Acorda Cidade – O governador anunciou R$ 300 milhões para fazer uma nova adutora. Como se dará isso?

Taís Dias – Esse recurso de R$ 300 milhões foi firmado junto ao Banco do Nordeste. Com esse dinheiro, a Embasa vai fazer a ampliação de todo o seu sistema produtor. Vamos ampliar a nossa estação de tratamento de água, localizada no município de Conceição da Feira, vamos trocar os equipamentos da captação, que pegam água do manancial, e vamos duplicar a adutora de água tratada, que vem de Conceição da Feira e tem uma extensão de 30 km até Feira de Santana. Será uma nova adutora, com diâmetro entre 1.400 e 1.500 milímetros. Esse sistema foi dimensionado pra um horizonte de 20 anos, então vamos mais que dobrar a capacidade do nosso sistema. O recurso já está garantido, porém ele será utilizado para um conjunto de ações aqui em Feira. Não só para ampliação do sistema produtor, mas também a construção de outro centro de reservação na região do Tomba. Esses projetos já estão sendo finalizados, e a expectativa é que eles sejam licitados ainda esse ano.

Acorda Cidade – Porque a Embasa cobra também das casas vazias que não têm consumo?

Taís Dias – A Embasa faz a leitura regulada de todos os hidrômetros, e se a casa estiver desabitada, a gente cobra a tarifa mínima, que se for considerar água e esgoto fica em média R$ 39. Se o cliente não estiver mais habitando o imóvel, ele tem que solicitar o desligamento da ligação, a partir daí a cobrança não será feita.

Acorda Cidade – Será implantada uma rede esgotamento no bairro Cidade Nova e adjacências?

Taís Dias – A ampliação da rede de esgotamento em Feira de Santana está em fase de projeto para que a gente possa concluir as necessidades de intervenções e captar recursos não só para ampliar o esgotamento das bacias existentes como implantar novas redes. Outra coisa que é importante esclarecer é que a Embasa só cobra o serviço de esgotamento onde ele está disponível. E onde a gente tem redes essa cobrança é feita independente do abastecimento de água, porque é lei. A partir do momento, que a empresa coloca o serviço à disposição do usuário na porta de sua residência, ele tem a obrigação de usar o nosso sistema, por uma questão até de saúde pública.

Acorda Cidade – As pessoas também podem se dirigir à empresa, não é? Fale sobre o atendimento.

Taís Dias – Nós temos duas lojas de atendimento presencial, uma no centro da cidade, na Rua Desembargador Felinto Bastos, nº 136, próximo ao Terminal Central, e outra na Rua Monsenhor Moisés do Couto, nº 1244, bairro Campo Limpo, a 350 metros da passarela da Cidade Nova.

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