Comportamento

Pesquisa inédita Instituto Avon/ Locomotiva revela que 78% das pessoas só interferem em briga de casal se houver violência extrema

Levantamento foi apresentado durante a 4ª edição do Fórum Fale Sem Medo

07/12/2016 às 09h11, Por Kaio Vinícius

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 Segundo pesquisa do Instituto Avon em parceria com o Instituto Locomotiva, 88% das pessoas acreditam que existe desigualdade entre homens e mulheres na sociedade, e 89% concordam que as mulheres negras sofrem ainda mais preconceito do que mulheres brancas. É o que mostra o estudo inédito “Instituto Avon / Locomotiva: O papel do homem na desconstrução do machismo”, apresentado hoje durante o 4º Fórum Fale Sem Medo, em São Paulo.

“A pesquisa revela que a população reconhece a desigualdade entre homens e mulheres, mas a maior parte rejeita essas diferenças: 78% concordam que as mulheres devem conhecer seus direitos e serem incentivadas a lutar por eles”, explica Daniela Grelin, gerente do Instituto Avon. O estudo mostra que 67% das pessoas concordam que homens e mulheres devem ser igualmente responsáveis pelos cuidados com a casa e os filhos e 59% concordam que todas as mulheres devem ser respeitadas, não importando sua aparência e seu comportamento.

Porém, na prática, a maioria ainda tolera costumes e situações de violência contra a mulher: 78% não interferem em briga de casal ou interferem apenas se houver algum tipo de violência extrema, e 61% consideram que a mulher que se deixou fotografar também tem culpa quando um homem compartilha suas imagens íntimas sem autorização. Além disso, 27% acreditam que, em alguns casos, a mulher também pode ter culpa por ter sido estuprada. “Isso mostra que ainda há um distanciamento entre a percepção da desigualdade como algo negativo e a atitude prática para enfrentá-la. Apesar de existir uma percepção clara em relação à desigualdade de gênero, parte da população ainda defende costumes que sustentam essa desigualdade”, explica Daniela Grelin.

O machismo é percebido como algo negativo por 79% das pessoas. Apesar de 87% concordarem que ao menos parte da população é machista, apenas 24% das pessoas se consideram machistas. “Os dados do estudo são preocupantes e mostram que homens e mulheres reproduzem diversos valores machistas. As pesquisas têm papel muito importante e indispensável no diagnóstico da dimensão da situação, e, pautando o tema no debate público, servem de ferramenta para o enfrentamento do problema”, explica Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

A pesquisa revela que 24% dos homens não tem coragem de defender as mulheres no meio de outros homens, e que 31% dizem que gostariam de não ser machistas mas não sabem bem como agir.

Para a maioria dos homens, ensinar os filhos a respeitar as mulheres é a principal forma de contribuir contra o machismo. Apesar de 85% dos homens concordarem que todo pai deve educar o filho para que ele seja menos machista, 43% afirmam que em um grupo de homens no WhatsApp, pega mal reclamar porque o amigo compartilhou foto de mulheres nuas e, para 35%, cabe aos homens no máximo “ajudar” a mulher a cuidar da casa e dos filhos.

Além disso, para 48% dos homens é desagradável ou humilhante o homem cuidar da casa enquanto a mulher trabalha fora, e 47% dos homens e 32% das mulheres afirmam que não deixaria o filho brincar de boneca de jeito nenhum, porque boneca é brinquedo de menina. Sobre as percepções em relação ao feminismo, 20% dos homens e 55% das mulheres afirmam que se consideram feministas. Porém, 55% das pessoas dizem que o feminismo é o contrário do machismo e 32% acreditam que o feminismo está ultrapassado.

Segundo a pesquisa, o principal caminho para uma mudança de atitudes é o diálogo: 34 % dos homens afirmam que deixaram de praticar algum tipo de atitude violenta contra a mulher nos últimos tempos. Para 54%, o principal motivo para essa mudança foi ter uma conversa pessoal com pessoas próximas, sendo que 35% foram influenciados por algum amigo ou parente homem e 22% por mulheres. “Os dados revelam que a conversa de homem para homem possui um alto poder transformador. E os homens já perceberam isso, já que 81% concordam que devem falar com outros homens sobre o que fazer para que as mulheres não sofram preconceito”, explica Daniela Grelin.

A etapa quantitativa da pesquisa Instituto Avon / Locomotiva: O papel do homem na desconstrução do machismo foi realizada presencialmente com 1.800 pessoas com mais de 16 anos, no período de 12 a 24 de outubro de 2016, em 70 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro é de 2,4 p.p. para o total da amostra. Para a fase qualitativa, foram realizadas seis entrevistas em profundidade com especialistas e grupos de discussão.

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