Bahia
Bahia aumenta em 40% o número de transplantes realizados em um ano
A coordenadora da Central de Transplantes do Estado da Bahia, América Carolina Sodré, ressalta que, para ser doador, o importante é avisar à família
27/09/2016 às 09h11, Por Kaio Vinícius
Acorda Cidade
Um ano após receber um novo coração, nesta terça-feira (27), Dia Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos, o comerciário Cosme Ferreira Bispo, 39 anos, tem planos de fazer uma faculdade e montar seu próprio negócio. Diagnosticado com doença de Chagas, ele foi o primeiro paciente a passar por um transplante de coração no Hospital Ana Nery, após o credenciamento da unidade para o procedimento. Com investimentos de mais de R$ 10 milhões por ano, a partir da implantação da Política Estadual de Transplantes, em setembro de 2015, já foi registrado um aumento de 40% no número de transplantes de órgãos e uma redução de 10% no número de subnotificações de potenciais doadores.
Cosme diz que chegou a sentir que era um peso para a família e agora se sente seguro para fazer planos. “Quero voltar a trabalhar, montar meu próprio negócio, fazer faculdade”. Ele conta que tinha uma vida normal, mas, de repente, teve um princípio de infarto. “Fiquei duas horas sem falar e andar. Tive insuficiência cardíaca e retenção de líquido. Então o médico diagnosticou doença de chagas. Comecei a tratar, mas só poderia resolver com o transplante de coração”. Ele lembra que, antes de adoecer, desejava ser doador. “Espero que mais pessoas sejam doadoras. Estou me sentindo maravilhado. Nunca me via passar por essa situação, mas aconteceu e graças a Deus estamos bem, voltando à rotina”.
Autorização
A coordenadora da Central de Transplantes do Estado da Bahia, América Carolina Sodré, ressalta que, para ser doador, o importante é avisar à família. “Não adianta o doador deixar a sua disponibilidade por escrito, se a família não autorizar, o órgão não é doado. Se o paciente disser que não é doador, mas a família autorizar, o transplante poderá ser realizado”, explica. Segundo ela, após o óbito, a família assina um termo de autorização, confirmado por duas testemunhas, e só depois que esse termo seja devidamente assinado a Central de Transplante pode iniciar o processo de captação e distribuição dos órgãos.
Segundo Carolina, a maioria dos hospitais tem profissionais capacitados para fazer entrevista com a família e orientar todo o processo, para que a doação de órgãos aconteça da maneira mais rápida e segura possível. “Mas a família também pode entrar em contato direto com a Central de Transplante, por meio do telefone 0800-2840444. Nós encaminhamos um profissional até o local para que o processo seja iniciado, ou o familiar pode informar ao próprio hospital a vontade de doar os órgãos e o hospital vai fazer contato com a Central de Transplantes”.
Rapidez
A coordenadora explica que quanto mais rápida a autorização, maiores as chances de se salvar uma vida ou de aproveitar um órgão. “No caso de doação de córneas, o prazo é de seis horas após o momento do óbito, se o corpo estiver em temperatura ambiente, ou 12 horas caso esteja refrigerado. No caso de outros órgãos, quando há morte encefálica diagnosticada, não há prazo, mas o processo deve ser feito o quanto antes”. No caso do transplante cardíaco, Carolina informa que o Hospital Ana Nery é referência e está habilitado junto ao Ministério da Saúde para realizar transplantes cardiopulmonares.
Segundo Carolina, o lugar na lista de espera depende do órgão que o paciente precisa. Nos casos de coração, pulmão e córnea, a ordem é cronológica, recebe o órgão quem entrou na fila primeiro. No caso do rim, por exemplo, o critério é imunológico, é preciso transplantar as pessoas que forem mais compatíveis com o órgão disponível. E nos casos de fígado, o critério é por gravidade da doença, os pacientes mais graves vão receber o órgão disponível”.
O Estado mantém profissionais nas principais cidades do interior aptos para diagnosticar a morte encefálica e para fazer a entrevista familiar, como informa a coordenadora. “A família autorizando, nós deslocamos as equipes daqui de Salvador por meio das aeronaves da Casa Civil, da Casa Militar ou da Força Aérea Brasileira. Os médicos cirurgiões vão fazer a retirada dos órgãos, que serão encaminhados para Salvador, e a central vai determinar para onde serão distribuídos. Hoje o Estado mantém sete organizações de procura de órgãos, quatro delas no interior, em Feira de Santana, Itabuna, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista”.
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