Feira de Santana

Direção do HTO confirma fim do convênio com o SUS para fisioterapia

O diretor, médico Marcelo Brito, explica por que pediu o descredenciamento do serviço.

21/07/2016 às 15h21, Por Maylla Nunes

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Daniela Cardoso e Ney Silva

O convênio que o HTO (Hospital Geral) tem com o Sistema Único de Saúde (SUS) para atender pacientes no serviço de fisioterapia, em Feira de Santana, vai ser descredenciado até o final deste mês a pedido da direção do hospital. Por mês, o HTO atende cerca de 500 pessoas. O diretor, médico Marcelo Brito, explica por que pediu o descredenciamento do serviço.

“Não temos mais condição econômico-financeira para sustentar o serviço. Nós não estamos com excesso de demanda, o que temos é um valor de fisioterapia, que é inexequível. Não é possível nenhum serviço trabalhar pelo SUS recebendo o valor de R$ 4,67 por atendimento ou por sessão de fisioterapia. Esse valor foi reajustado em 2009. Está fazendo aproximadamente sete anos que o valor da tabela do SUS não é reajustado”, afirmou.

Leia também: Serviços de fisioterapia conveniados com o SUS estão em dificuldades em Feira de Santana

Além disso, o médico cita outro motivo. “Existe uma exigência que o Conselho Regional de Fisioterapia fez, no intuito de ter um fisioterapeuta para atender dois pacientes por hora, isso torna absolutamente impossível de ser feito. Essa exigência não é nem mesmo emitida pelo Sistema Único de Saúde, que determina pelo menos quatro pacientes por hora para atendimento de consulta médica. Por essa razão tomamos a decisão de deixar o serviço de fisioterapia pelo SUS”, explicou.

De acordo com o diretor do HTO, o descredenciamento do hospital ao SUS já foi comunicado à Secretaria Municipal de Saúde. Ele afirma que todo o processo foi feito pensando em não prejudicar os pacientes.

“Comunicamos o que estava acontecendo, verificamos qual a forma de minimizar o impacto para a população e a secretaria nos avisou de que tinha ainda outros serviços que atendem fisioterapia pelo SUS, em Feira, com ociosidade. Isso nos deixou mais tranquilos, pois vamos reencaminhar esses pacientes para a secretaria e ela vai fazer uma redistribuição. Então a população não vai ficar desassistida com nossa saída”, afirmou.

Demissões

Com o descredenciamento, o médico Marcelo Brito diz que o hospital vai tentar absorver o que for possível do quadro de funcionários. “Diante dessa crise que vivemos, vamos fazer o possível para aproveitar os funcionários, mas tenho convicção de que não será possível absorver todos. Temos cerca de seis pessoas no atendimento direto, isso sem contar com segurança, recepção e o pessoal do administrativo como um todo. Acredito que mais da metade dessa equipe vai passar a fazer parte das estatísticas de desemprego em nossa cidade”, disse.

Faturamento

O médico Marcelo Brito informou que atualmente o HTO faz atendimentos no turno matutino de 120 pacientes e de 50 no turno vespertino, o que totaliza 170 atendimentos por dia de segunda a sexta. Ele afirma que sobram recursos.

“O HTO tem um teto que dá 26 mil e 35 reais para fazer todos esses atendimentos e utiliza como média 17 mil e 600 de faturamento, ou seja, sobram mais de 8 mil reais por mês que o HTO não utiliza por que não tem demanda de serviço. Isso acontece com todos os demais serviços, portanto a saída desses pacientes do HTO e a redistribuição deles em outros serviços não vai gerar nenhum tipo de desassistência à população”, afirmou.

Valores pagos pelo SUS

Com valores insignificantes repassados aos hospitais particulares, filantrópicos e públicos do Brasil, o SUS poderá precarizar ainda mais o atendimento. Esse é o entendimento do médico e presidente da Federação Baiana de Serviços de Saúde, Marcelo Brito, que também é diretor do HTO em Feira de Santana. Ele falou sobre alguns valores que são repassados pelo SUS às entidades credenciadas.

“Hoje uma consulta médica pelo SUS custa R$ 10. Uma fratura de cotovelo, cirúrgica, o SUS paga R$ 365,06 para que o hospital faça esse procedimento. Uma equipe para uma fratura de cotovelo envolve dois ortopedistas, um cirurgião principal e um auxiliar, além do anestesista, essa equipe é remunerada pelo SUS em R$ 134,68. Com esses valores, o SUS expulsou as entidades privadas contratadas para fazer esse serviço e só está nas unidades públicas”, declarou.

Marcelo Brito disse ainda que a Secretaria Municipal de Saúde de Feira de Santana não é responsável por essa situação. Ele afirma que esse é um valor determinado pelo Ministério da Saúde e a expectativa é de que para o próximo ano esses valores sejam reduzidos. O médico diz que o descredenciamento é o caminho de muitos hospitais credenciados.

“No último um ano e meio saíram 2 milhões de pessoas dos planos de saúde, essa quantidade de pessoas foram para o SUS. Na Bahia nos dois últimos anos fecharam-se dois mil leitos do SUS privados e a reposição deles através das entidades públicas não atingiu mil. Acho que os hospitais credenciados pedirem o descredenciamento do SUS é uma tendência de todos os seguimentos privados. Hoje só temos no HTO atendimento ambulatorial pelo SUS e que também é uma avaliação nossa diária, pois não se ganha dinheiro com esse tipo de serviço”, afirmou. 

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