Feira de Santana

Garis pedem consciência da população no descarte de objetos perfurocortantes

É comum o acontecimento de acidentes durante o trabalho de coleta de lixo em Feira de Santana, principalmente no manuseio do material, que muitas vezes vem com vidro, seringas e outros objetos descartados de forma indevida

28/03/2016 às 13h48, Por Rachel Pinto

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Rachel Pinto

Rafael Sousa é coletor de lixo há um ano e meio. De acordo com ele, a rotina do trabalho além de ser muito cansativa e necessitar de muita agilidade, rapidez e preparo físico, há um grande problema que todos os coletores de lixo enfrentam diariamente: a falta de consciência da população.

De acordo com ele, é comum o acontecimento de acidentes durante o trabalho de coleta de lixo em Feira de Santana, principalmente no manuseio do material, que muitas vezes vem com vidro, seringas e outros objetos descartados de forma indevida que acabam cortando ou machucando alguns profissionais.

Segundo Rafael, que trabalha das 18h40 até às 3h, o que não pode faltar no dia a dia do trabalho é a atenção. Ele afirma que já se feriu várias vezes, assim como outros colegas de profissão.

“É bastante comum nós que trabalhamos na área de coleta, acharmos vidro, prego, seringa, espeto de churrasquinho dentro de sacos. Isso dificulta bastante o nosso trabalho. Porque se a gente não tiver uma atenção redobrada podemos nos machucar com o produto que é jogado dentro do saco, misturado no próprio lixo. Já me furei com prego e já houve casos de colegas que se cortaram com garrafa de vidro e outro que furou o pé com um espeto”, contou.

O coletor destaca a importância da consciência da população para evitar acidentes com os garis e também o cuidado ambiental no descarte de alguns materiais que podem poluir o meio ambiente e oferecer riscos caso não sejam descartados de forma segura. “Infelizmente há a falta de consciência da população. As pessoas descartam de qualquer jeito os materiais que deveriam ser descartados de forma mais segura. A partir do momento que nos machucamos, deixamos de trabalhar. Isso prejudica a nós e a nossa família”, disse.

Rafael considera que os Equipamentos de Proteção Individual (Epi’s) utilizados no serviço de coleta de lixo ainda são falhos, principalmente diante de materiais perfuro cortantes como seringas e outros materiais de vidro e metal e até madeira. “Trabalhamos com os equipamentos, mas é um material que é um pouco fraco diante do produto que o pessoal joga no lixo. Diante de uma seringa, por exemplo, ela perfura facilmente a luva e acaba ferindo e machucando a gente”.

Sobre a consciência da população, o profissional pontua que se houvesse mais cuidado no descarte desses materiais o trabalho de coleta ficaria mais seguro. Ele exemplifica que se as pessoas enrolassem os vidros em um jornal, colocassem os objetos em uma caixa de papelão, ou enrolassem as partes pontiagudas dos materiais, muitos acidentes poderiam ser evitados. Para Rafael a questão é que se cada um fizer sua parte todos saem ganhando.

Coletor de lixo com muito orgulho, ele diz que é do trabalho como gari que tira o sustento de sua família. Ele relata que a profissão é ainda muito discriminada, os coletores são classificados com muita indiferença, mas ele não sente vergonha por isso. “É um trabalho cansativo, mas eu me orgulho. É um trabalho honesto e é ele que sustenta a minha família”, concluiu.

Um exemplo de consciência

Se dependesse da professora Maria Lucila Pinho nenhum acidente relacionado ao descarte indevido de materiais aconteceria com os coletores de lixo em Feira de Santana. Com todo cuidado ela faz questão de separar o seu lixo, envolver os materiais perfuro cortantes em jornais e colocar em vasilhames seguros.

“Toda vez que acontece de quebrar um prato ou uma xícara, um copo, qualquer objeto que eu possa perceber que vai causar no outro um acidente, eu envolvo em jornais, em toalhas descartáveis, enrolo em sacos plásticos e ponho dentro de uma vasilha ou uma garrafa pet. Depois amarro com durex, protejo para que nenhuma pessoa possa se ferir”, destacou.

De acordo com a professora sua maior preocupação é com a segurança do outro. Ela conta que é uma consciência que ela já tem há muito tempo e também tenta passar para outras pessoas com quem convive. “Todas as pessoas que já passaram aqui em casa eu tentei passar essa orientação. Se cheguei a criar uma consciência ambiental nessas pessoas eu não sei, mas sei que eu fiz a minha parte, eu orientei”, afirmou.

Para Maria Lucila, a conscientização das pessoas parte primeiramente do ambiente familiar e do compromisso com a educação e com o cuidado com o próximo. De acordo com ela, até por falta de informação muitas pessoas não imaginam a dimensão do problema que podem causar ao outro por um descarte indevido de material. Já com outras pessoas essa situação acontece por displicência e até mesmo por não se importarem. “Além dessa questão de educação e formação, de não causar ao outro um problema há também a questão ambiental. Tem muita gente que se tivesse uma consciência do problema que pode gerar na pessoa do outro tomaria determinados cuidados. Outras pessoas não tomam por ignorância mesmo ou porque são displicentes”, concluiu.

Leia também:
Vaidade e força: garis de Feira de Santana são exemplo para as mulheres


Segurança no trabalho

O diretor da Federação Nacional dos Técnicos em Segurança do Trabalho Sérgio Aras, explicou que a profissão de gari é considerada uma das profissões com a percepção de adicional de insalubridade de grau máximo. Além disso, como eles são contratados por uma empresa privada, esta tem obrigação de fornecer gratuitamente todos os equipamentos necessários para o desempenho da atividade. Ele ressaltou que os trabalhadores são protegidos pela lei e que cabe ao Ministério do Trabalho fazer cumprir as normas relativas a prevenção de acidentes e a garantia da saúde ocupacional.

“Os garis recebem parte da legislação trabalhista vigente no país. Uma série de normas que devem ser conhecidas e cumpridas. O trabalhador é protegido pela legislação e cabe ao Ministério do Trabalho fazer cumprir as normas relativas a prevenção de acidentes e garantir a saúde ocupacional. É muito importante que essas pessoas que desenvolvem esta atividade tão importante para a sociedade sejam protegidas”, finalizou.

Com informações e fotos do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.

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