Mundo
ONU pede à UE cotas obrigatórias para distribuir pelo menos 200 mil refugiados
Mais de 300 mil pessoas atravessaram o Mediterrâneo desde o início do ano, e mais de 2.600 morreram no trajeto
04/09/2015 às 09h24, Por Kaio Vinícius
Acorda Cidade
Agência Lusa – O alto comissário das Nações Unidas para os refugiados, Antônio Guterres, apelou hoje (4) à União Europeia (UE) para a distribuição de pelo menos 200 mil refugiados, defendendo que todos os estados-membros deviam ter a obrigação de participar neste programa.
“[É preciso] um programa de reinstalação em massa, com a participação obrigatória de todos os estados-membros da União Europeia. Uma estimativa bastante preliminar parece indicar a necessidade de aumentar as oportunidades de reinstalação de até 200 mil lugares”, escreveu Antônio Guterres em comunicado.
“A Europa enfrenta o maior afluxo de refugiados em décadas", afirmou, ao destacar que "a situação requer um esforço conjunto enorme, impossível com a atual abordagem fragmentada" existente no âmbito da UE.
Mais de 300 mil pessoas atravessaram o Mediterrâneo desde o início do ano, e mais de 2.600 morreram no trajeto, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
"Após a chegada às costas e fronteiras da Europa, elas continuam a sua viagem para o caos", continuou Guterres, denunciando o tratamento indigno que os imigrantes recebem.
Ele explicou que se trata "principalmente de uma crise de refugiados, e não apenas um fenômeno de migração", porque a maioria das pessoas que chegam à Grécia é oriunda de países onde há conflitos como a Síria, o Iraque e Afeganistão.
O alto comissário acredita que a única maneira de resolver o problema é a implementação de uma "estratégia comum baseada na responsabilidade, solidariedade e confiança".
"Concretamente, isso significa tomar medidas urgentes e corajosas para estabilizar a situação e encontrar uma maneira de compartilhar verdadeiramente a responsabilidade, a médio e longo prazo", adiantou.
"A UE deve estar pronta com o consentimento e apoio dos governos em questão – principalmente na Grécia e na Hungria, mas também na Itália – para a criação de capacidade de acolhimento e de registo de pessoas", defendeu. Guterres também lembrou que os migrantes que não têm nenhuma razão para ficar na Europa devem ser devolvidos aos seus países de origem.
Num contexto de crescente tensão entre os europeus, a Alemanha e a França lançaram na quinta-feira uma iniciativa conjunta para "organizar o acolhimento dos refugiados e uma distribuição equitativa na Europa" dessas famílias, que fogem sobretudo da guerra na Síria.
Embora o presidente François Hollande não tenha usado a expressão utilizada pela chanceler Angela Merkel de "cotas obrigatórias", aceitou a ideia de um "mecanismo permanente e vinculativo".
Na quinta-feira, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, apelou aos estados-membros da UE para aceitar pelo menos 100 mil refugiados, de modo a aliviar a pressão nos países da chamada “linha da frente”.
Também na quinta-feira, fontes comunitárias revelaram que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, vai apresentar medidas de resposta à situação causada pela chegada de refugiados na próxima quarta-feira, durante o discurso sobre o estado da União.
A Comissão Europeia vai também pedir que os estados-membros dividam entre si os 120 mil refugiados que se encontram na Hungria, Grécia e Itália.
O plano do Executivo comunitário, que ainda é uma proposta sujeita a mudanças, sugere que esses 120 mil refugiados sejam acrescentados aos 32.256 que os estados-membros da UE já tinham se comprometido a acolher em julho.
Em relação a uma proposta anterior, a nova versão beneficia a Hungria, país que muitos refugiados pretendem cruzar para realizar o objetivo de chegar à Alemanha, para além da Grécia e Itália, os Estados mais afetados pela situação.
O plano da comissão vai ser examinado na sexta-feira pelos chefes dos governos checo, eslovaco, polaco e húngaro, que integram o designado Grupo de Visegrado, durante uma reunião em Praga, para acordar uma posição comum contrária às cotas obrigatórias na distribuição dos refugiados que chegam à UE.
Mais Notícias
Conflito
Guerra Mundial? Especialistas explicam riscos de conflito entre Israel e Irã
A guerra, hoje regional, pode escalar para uma guerra global devido ao cenário de grande instabilidade, que vem se agravando...
19/04/2024 às 09h24
Mundo
Israel lança ataque contra o Irã, diz imprensa dos EUA
Drones sobrevoaram região com instalações nucleares e foram abatidos, na quinta-feira (18). Israel e Irã ainda não se pronunciaram oficialmente...
19/04/2024 às 08h14
Ataque
Shahed-136: Conheça drone 'kamikaze' utilizado pelo Irã no ataque a Israel
O drone não tripulado começou a ser fabricado pelo Irã em 2021 e pesa 200 quilos, tem um alcance de...
13/04/2024 às 20h48
Relações Internacionais
Brasil condena invasão do Equador à embaixada do México em Quito
Presidente do México rompe relações entre os dois países
06/04/2024 às 20h58
Internacional
Com dengue em alta na Argentina, falta repelente no país; produto é vendido por até R$ 190
Houve uma onda de reclamações contra o governo, e o ministro da Saúde, Mario Russo, disse que a falta de...
06/04/2024 às 07h43
Mundo
Forte terremoto em Taiwan deixa 9 mortos e mais de 900 feridos
Tremor de magnitude de 7,7 é o mais forte registrado no país em 25 anos.
03/04/2024 às 09h50