Cultura

Museu Casa do Sertão da Uefs celebra em exposição o ofício do vaqueiro

Os vaqueiros são profissionais que representam nas regiões sertanejas muito mais que uma ocupação, mas, sobretudo, um modo de vida com usos e costumes próprios de uma tradição multissecular.

20/07/2015 às 11h21, Por Kaio Vinícius

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Com o objetivo de celebrar o ofício do vaqueiro, uma das figuras mais emblemáticas da cultura sertaneja, bem como difundir seus saberes e fazeres no Museu Casa do Sertão da Universidade Estadual de Feira de Santana, está em cartaz a exposição Festa de Vaqueiros, uma mostra que reúne peças do seu acervo e fotografias de coleções particulares, oriundas dos municípios de Feira de Santana, Tanquinho, Candeal e Riachão do Jacuípe, permitindo conhecer aspectos da religiosidade e dos festejos em torno das comemorações de sua profissão.

A exposição permite, ainda, discutir a importância do vaqueiro para a formação da identidade cultural da Bahia sertaneja, possibilitando ampliar conceitos em torno da diversidade cultural do semi árido baiano, bem como do processo de povoamento e colonização da região de Feira de Santana.

Os vaqueiros são profissionais que representam nas regiões sertanejas muito mais que uma ocupação, mas, sobretudo, um modo de vida com usos e costumes próprios de uma tradição multissecular. Assim, em 09 de agosto de 2011, na Bahia, através do Decreto 13.150, o ofício de vaqueiro tornou-se Patrimônio Imaterial do Estado, reconhecendo-se a importância dos saberes e fazeres da vida do vaqueiro para a formação do território e da cultura baiana.

Para celebrar esse reconhecimento, na mostra, o visitante terá acesso a informações sobre as atribuições do vaqueiro na criação e cuidados com o rebanho, trabalho que começa com o romper do dia, num ritual iniciado com o uso de sua vestimenta de couro (gibão, perneiras, guarda peito, luvas, chapéu, alpercatas) e os arreios utilizados no cavalo, indumentária indispensável ao seu ofício, para enfrentar as venturas e desventuras da vida de gado.

Também, em clima de celebração, reunindo atividades da escolha do rei e rainha, desfile, missa e, em alguns casos, vaquejada, vislumbra-se a Festa de Vaqueiros realizada, principalmente, no município de Tanquinho – Bahia, entre os anos de 1948 a 2013, com variações de eventos e número de vaqueiros participantes. Reunindo vaqueiros oriundos de diferentes localidades, a Festa de Vaqueiros é ocasião de encontro e de celebração, oportunidade para socializar novas narrativas e agradecimentos, de festa e de fé. É o encontro do rural com o urbano, numa sintonia com a tradição de uma das profissões mais antigas em desenvolvimento no Brasil, permitindo discussões de aspectos contemporâneos acerca do ofício do vaqueiro, muitas vezes pouco conhecido.

Os visitantes também poderão conhecer a arte de Vicente Paulo que apresenta elementos do mundo rural do distrito de Jaguara, local onde nasceu, com os animais da pecuária confeccionados em cerâmica e revestidos com resina epóxi, através de uma visão particular do artesão. Sua inspiração é fruto da observação do dia a dia, das épocas difíceis assoladas pela seca e urubus fazendo banquete com os restos dos animais mortos pela fome, uma visão desoladora.

A abertura da exposição para a visitação pública acontece a partir do dia 20 de julho, Dia Nacional do Vaqueiro. A exposição é apresentada ao visitante em todo o espaço do MCS/UEFS, começando na Sala de Exposições Temporárias Dival Pitombo, com a temática do Ofício do Vaqueiro e se estende em todos os espaços da unidade museológica, abordando desde o lúdico infantil, aspectos da solidariedade dos vaqueiros, religiosidade expressada através da missa e a celebração da Festa de Vaqueiros na Sala do Couro Eurico Alves Boaventura. Estão expostas 88 fotografias e 78 peças do acervo.

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