Eleições 2014

Rui Costa promete acionar Veja após publicação de denúncia

O governador Jaques Wagner não foi acusado por Dalva, mas ela declarou considerar impossível que ele não soubesse do que se passava. P

20/09/2014 às 21h57, Por Andrea Trindade

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Acusado pela dona da ONG Instituto Brasil, Dalva Sele, de ser um dos beneficiários de um esquema de desvio de dinheiro público de R$ 50 milhões para campanhas petistas, o candidato do PT ao governo da Bahia, Rui Costa, prometeu processar a denunciante e a revista Veja, que fez reportagem com base nas declarações de Dalva. A denúncia é feita a 15 dias das eleições.

"Envolver meu nome neste assunto faz parte de uma estratégia leviana e suja. Agora, eu quero que provem o meu envolvimento neste caso. É um desafio", afirmou Rui, por meio de nota. Segundo ele, seus adversários políticos querem "usar uma revista aliada para repercutir no horário eleitoral gratuito".

Já a promotora Rita Tourinho, do Ministério Público da Bahia, informou que Dalva será convocada neste domingo (21), para depor. "Vamos ouvi-la o mais cedo possível, diante da urgência do caso, para ver se ela vai repetir o que disse à revista", afirmou.

De acordo com a publicação, a ONG, contratada pelo governo da Bahia para a construção de 1.120 casas populares, teria desviado somente em 2008 mais de R$ 6 milhões do Fundo de Combate à Pobreza para campanhas eleitorais do PT.

Entre os supostos beneficiados, estariam, além de Rui, o senador Walter Pinheiro, os deputados federais Nelson Pelegrino e Afonso Florence além do ex-deputado federal Zezéu Ribeiro, atualmente conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Alguns dos citados já se falaram por telefone e articulam uma reunião para discutir as medidas a serem adotadas, segundo Florence. O encontro pode acontecer ainda este final de semana, em Salvador.

O governador Jaques Wagner não foi acusado por Dalva, mas ela declarou considerar "impossível" que ele não soubesse do que se passava. Por meio de sua assessoria, Wagner disse que qualquer irregularidade no âmbito do governo será apurada com rigor.

"Esse assunto está no âmbito da Justiça e o que eu espero é que caso se comprove alguma ilicitude ou ato de improbidade que sejam punidos os responsáveis", declarou o governador.

Em 2012, o MP entrou com uma ação civil pública, acionando a presidente da ONG e outras seis pessoas, entre elas Lêda Oliveira – mencionada pela revista como participante do esquema – além do Instituto Brasil e da Conbec Engenharia. Em agosto daquele ano, foi deferida liminar determinando a indisponibilidade de bens de todos os acionados.

Na época, porém, não foi detectado nenhum beneficiamento de políticos, embora testemunhas tenham dito ao MP que isso acontecera. A ação tramita na 7ª Vara da Fazenda Pública de Salvador.

Na última quinta-feira, 18, a juíza Patrícia Cerqueira determinou que se certifique se foram expedidos os ofícios de indisponibilidade dos bens, por não encontrar "informação se houve bloqueio de valores em dinheiro".

Outro lado

O deputado Afonso Florence, então secretário de Desenvolvimento Urbano quando firmado o contrato com a ONG, nega ter recebido dinheiro de Dalva. "Essas novas acusações, a 15 dias da eleição, com versões que não apareceram na época da investigação do MP são muito estranhas", afirmou.

O argumento é compartilhado por Pelegrino e Pinheiro, que prometeram processar Dalva e a revista. "Desafio a ela dizer que dinheiro deu para a minha campanha", declarou Pelegrino, que ainda disse ter aconselhado à sua irmã que deixasse de trabalhar no instituto, "há mais de 10 anos", por saber de "coisas" que aconteciam. Questionado a que se referia, não especificou.


"Isso eu vou discutir na Justiça. Só faço denúncias que tenho condições de provar", completou. Pinheiro, por sua vez, classificou de levianas as acusações de Dalva, que afirmou que a mulher e nora do petista "buscavam o dinheiro" com ela.


"Outra inverdade é a citação de parentes. Eu jamais recebi recursos dessa 'picaretagem' que ela mesma afirma ter coordenado", declarou o senador, por meio de nota.

Zezéu disse que esteve três ou quatro vezes na ONG, mas apenas para discutir política habitacional. Ele afirmou que estava na estrada e não poderia comentar nada por não ter lindo ainda a matéria da revista.

Presidente do PT diz que contratos começaram no governo Paulo Souto

O presidente do PT, Everaldo Anunciação, disse, por meio de nota, que vai processar a revista Veja por ter publicado matéria, segundo ele, motivada por questões eleitorais e que Dalva Sele fez denúncia falsa por ter "raiva de alguns petistas" que se negaram a maquiar irregularidades do Instituto Brasil. Ele disse ainda que a ONG começou a atuar no governo do estado ainda durante a administração do ex-governador Paulo Souto (DEM), candidato ao governo do Estado.

“Esta é uma denúncia motivada pelo interesse eleitoreiro e que se aproveita de uma pessoa com fragilidades e com raiva de alguns petistas e do governo por não terem resolvido pendências e irregularidades do contrato do seu instituto”, disse Everaldo.

Por considerar desta forma a denúncia publicada pela Revista Veja, com declarações da presidente do Instituto Brasil, Dalva Sele Paiva, é que o presidente do PT estadual, Everaldo Anunciação, informou que o partido vai entrar com ações criminais contra a publicação da Editora Abril e contra a autora das denúncias, “pois temos absoluta certeza de que eles não poderão provar nada do que foi dito e que tudo isto é apenas mais uma ação eleitoreira da Veja, como ela costuma fazer, especialmente contra o PT”.

A "falsidade da denúncia", diz o petista, começa pelo fato de que o repórter da revista deixou de lado a informação de que os primeiros contatos do Instituto Brasil com o governo da Bahia aconteceram durante a gestão do ex-governador Paulo Souto.

“Foi Paulo Souto quem trouxe este instituto para o governo, por meio de convênio firmado em 2005 com a Secretaria de Combate à Pobreza”, afirmou o presidente do PT. E ele acrescentou que, na verdade, foi o governo Wagner que tomou a iniciativa de suspender os pagamentos das prestações do contrato firmado entre a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) e o instituto.

De um total de seis, só foram pagas as duas primeiras prestações e o restante foi bloqueado a partir do momento em que foram constatadas irregularidades na execução do objeto do contrato, que era a construção de casas populares, “e foi isto que deixou a denunciante com raiva”.

“É como eu tenho dito e reafirmado”, explicou o dirigente petista, “nos governos do PT, os problemas não são ignorados, as irregularidades são apuradas e os culpados punidos”. E reiterou sua confiança em Rui Costa e em todos os integrantes do PT citados pela revista.

“O processo tem acompanhamento dos órgãos competentes , e os verdadeiros responsáveis deverão ser duramente punidos. Lamento, mais uma vez, que a Veja se preste de maneira irresponsável , a esse serviço sujo”, declarou Everaldo.

E, voltando a atribuir a denúncia ao “jogo sujo eleitoral”, observou: “Este tipo de denúncia apenas deixa claro o desespero que já toma conta dos adversários, ante o crescimento da candidatura de Rui Costa e de Otto Alencar. Mas nós sabemos perfeitamente de onde isto vem, dos nossos adversários, e o fato de eles terem que recorrer a este expediente apenas reforça nossa confiança na vitória e o nosso ânimo de trabalhar”.

Fonte: A Tarde 

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